terça-feira, 2 de dezembro de 2025
A Razão de Sonho Alucinado dos WE SEA
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
A Vida do Homem de Giusepe G. Belli
por entre crostas, beijocas, lagrimonas,
depois à trela, na andadeira, em camisinha,
pára turras na testa, cueiros por calções.
Depois começa o tormento da escola,
o á bê cê, a vergasta e as frieiras,
a rubéola, a caca na cagadeira
e um pouco de escarlatina e de bexigas.
Depois o ofício, o jejum, a trabalheira,
a pensão a pagar, as prisões, o governo,
o hospital, as dívidas, a crica,
o sol no Verão, a neve no Inverno…
E por último – e que Deus nos abençoe –
vem a morte, e acaba no inferno.
Filipe Furtado na FLOP
Filipe Furtado, o músico e autor de “Prelúdio” e “Como se Matam Primaveras”, irá tocar no próximo dia 6 de Dezembro, na Biblioteca Arquivo Municipal, em Ponta Delgada, num concerto ilustrado no FLOP – Mercado da Banda Desenhada e do Fanzine. Há poucos dias falámos com ele sobre a possibilidade deste voltar a tocar em solo açoriano.
DM:
Onde e quando é que gostarias de tocar nos Açores?
FF:
Qualquer contexto para tocar nos Açores é uma espécie de dádiva e divida. É algo
que estimo muito, que só tenho a oportunidade de fazer muito de vez em quando.
Sinto-me muito realizado quando posso tocar para a família e amigos das ilhas.
Tenho a certeza que esse sentimento é comum a muitos dos camaradas que saíram
das ilhas em busca de melhores condições para desenvolver os seus projectos
artísticos. O panorama artístico nos Açores, em particular em S. Miguel, que é
o que acompanho com melhor conhecimento de causa, mudou bastante. Tenho
conseguido tocar em salas bonitas e em contextos que me desafiam. Quando posso
não só apresentar o trabalho que venho a desenvolver com o meu trio, mas, do
mesmo modo, também ter espaço para sair dessa zona de conforto e fazer trabalho
que se insere noutras hipóteses multidisciplinares. Vou puxar a brasa à tua
sardinha, monsieur Fernando, e relembrar a banda sonora para o "Três
Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal"; o trabalho
desenvolvido em residência artística com a Juliana Matsumura na In.Fusão #2 da
Vaga, em 2023, no qual escreve um dos poemas que integram o álbum:
"Transplantar é Possível". O concerto ilustrado no FLOP, no próximo
dia 6 de Dezembro, por exemplo. Interessam-me esses desafios de me colocar como
músico, mas não só. Quero pensar outros objetos artísticos. Fazê-lo nos Açores
é uma forma de apaziguar alguns dos desenraizamentos que se apoderam de mim.
São oportunidades de fazer aquilo me realiza mais em casa.


