segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Matar o Tempo de Naná da Ribeira

A sentença é dita pelo guarda vidas 
uma bóia é tudo o que precisamos 
a neblina à distância de um palmo 
uma paisagem de escarpas e montes 
rebentam ondas e há ainda quem se atreva 
que ninguém se afogue e o tempo se ocupe
de mim, de ti e do que nos atormenta 
e, por agora, nos salvem
desta maré sem dor

Provérbio

Em Agosto toda a fruta tem o seu gosto

Esperar de Kol de Carvalho

Esperar de Kol de Carvalho 
4 a 8 de Setembro de 2025
Galeria da Ordem dos Arquitectos 
 

Lourdes Castro: Sombras no CAC.

         Lourdes Castro faleceu no Inverno de 2022, com 91 anos. A sua exposição em solo açoriano, no próximo mês de Setembro, é o acontecimento mais aguardado do CAC (Centro de Artes Contemporâneas), na Ribeira Grande, São Miguel. 
"Pelas Sombras", 2010
Catarina Mourão
       Recuemos até 2017, a uma sessão de cinema na Galeria Arco 8 e ao documentário “Pelas Sombras” (2010), filme extraordinário de Catarina Mourão que, à altura, ganhou o Prémio do Público no IndieLisboa. Nessa incursão fílmica de oitenta e três minutos, foi possível perscrutar o universo artístico de Lourdes Castro, artista plástica oriunda da Madeira que foi bolseira da Fundação Gulbenkian, que  viveu em Lisboa, Paris, Berlim e na cidade do Caniço, na Ilha da Madeira. A artista, a determinado momento do documentário, proferiu a seguinte frase :"Às escuras e em silêncio é que se trabalha." As sombras foram o motivo da sua longa presença e seu labor profissional. 
          Quem mergulhou neste admirável filme, conseguiu, por instantes, penetrar naquelas sombras, antever o mistério da sua criação artística. Curiosamente a obra de Lourdes Castro não se fixou na pintura, pois obteve ao longo da sua carreira várias configurações – sserigrafia, plexiglass, desenho, ilustração, colagens, assemblages, peças em tecido, acrílico recortado florescente, etc. Uma obra extensa também na sua diversidade de composições e plataformas. Esta artista fez também parte da KWY (movimento artístico com direito a revista homónima entre 1958/1964), sendo que a sua obra encontra-se espalhada por museus nacionais e estrangeiros e colecções portuguesas e internacionais. 
          O CAC (Centro de Artes Contemporâneas) ainda não divulgou o conteúdo da exposição, no entanto esperamos que esta sirva para nos aproximarmos ainda mais de uma das obras artísticas mais consistentes e celebradas da cultura portuguesa e insular.