sábado, 9 de agosto de 2025
Burning Summer: Ecos Cinematográficos!
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Porto Formoso Fotografia de Frederico Rocha |
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
Do Bom Carácter
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Matar o Tempo de Naná da Ribeira
uma bóia é tudo o que precisamos
a neblina à distância de um palmo
uma paisagem de escarpas e montes
rebentam ondas e há ainda quem se atreva
de mim, de ti e do que nos atormenta
Lourdes Castro: Sombras no CAC.
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"Pelas Sombras", 2010 Catarina Mourão |
quarta-feira, 30 de julho de 2025
Enfim...a Canícula!
O calor abafado, enfim, voltou. A água salgada do
mar faz o seu vaivém nas praias de areia preta que, entretanto, amornam e, com
as temperaturas do ar cálidas, retornam também os garajaus, essas andorinhas
insulares que nos devolvem a visão do seu voo e beleza.
Abandono, assim, mais uma casa, aquele quarto, mais uma morada (quantas moradas? quinze, vinte?), permaneço com os
nomes de bairros e ruas gravado na memória – Casal de Malta, Canal, Calouste Gulbenkian, Jogo da Bola,
Senhora do Almurtão, Barão de Roches, Miragaia, D´Agoa, Guilherme Poças Falcão, Laureano, Rua
Nova da Misericórdia, Gaspar Fructuoso, Ladeira das Águas Quentes, Pópulo Pequeno, Livramento, etc…a convicção também de que em breve irei
encontrar outro destino, outros olhares, novas memórias. Todos os verões, eis que regresso às águas
gélidas que povoam a minha infância e adolescência, torno às sessões de cineclube às quintas-feiras e aos filmes ao ar livre na cidade vizinha,
cidade onde procuro em vão a professora F. – ensinou-me a língua francesa apenas com o seu sorriso – ou visito, quando posso para uma longa charla, a professora M., de
Filosofia, tal como ainda provisiono uma ou várias barrigadas de sardinhas para
o jejum insular que se seguirá.
Proclamo, por agora, um até já às minha coisas
e às que julgo pertencer, despeço-me dos locais onde repousei o olhar, abraço as
pessoas que conheci e as outras tantas que gostei de conhecer. Interrompo, entretanto, as
conversas com os mais próximos com quem conversei, relembro os momentos
partilhados, os bons e os maus. Aproveito para implorar absolvição pelas ocasiões em que excedi a sua paciência quando exalto o prazer no presente ou a existência de melhores
dias vindoiros. Não me canso de referir o peso de que somos feitos, este
desconsolo que nos tolhe os movimentos, inclusive, a melancolia a escrever, tão implicada de dor e culpa, e que vejo entrar quarta
invasão francesa, já enunciava o Alexandre O´Neill, com assertividade e sem
ela. Um poeta maior que nos abandonou em Agosto, pois já não conseguia contrariar o
vento, a morrinha, a nortada. E que frequentemente tropeçava de ternura…
Abandono, assim, mais uma casa, aquele quarto, mais uma morada (quantas moradas? quinze, vinte?), permaneço com os nomes de bairros e ruas gravado na memória – Casal de Malta, Canal, Calouste Gulbenkian, Jogo da Bola, Senhora do Almurtão, Barão de Roches, Miragaia, D´Agoa, Guilherme Poças Falcão, Laureano, Rua Nova da Misericórdia, Gaspar Fructuoso, Ladeira das Águas Quentes, Pópulo Pequeno, Livramento, etc…a convicção também de que em breve irei encontrar outro destino, outros olhares, novas memórias.
Proclamo, por agora, um até já às minha coisas e às que julgo pertencer, despeço-me dos locais onde repousei o olhar, abraço as pessoas que conheci e as outras tantas que gostei de conhecer. Interrompo, entretanto, as conversas com os mais próximos com quem conversei, relembro os momentos partilhados, os bons e os maus. Aproveito para implorar absolvição pelas ocasiões em que excedi a sua paciência quando exalto o prazer no presente ou a existência de melhores dias vindoiros. Não me canso de referir o peso de que somos feitos, este desconsolo que nos tolhe os movimentos, inclusive, a melancolia a escrever, tão implicada de dor e culpa, e que vejo entrar quarta invasão francesa, já enunciava o Alexandre O´Neill, com assertividade e sem ela. Um poeta maior que nos abandonou em Agosto, pois já não conseguia contrariar o vento, a morrinha, a nortada. E que frequentemente tropeçava de ternura…
terça-feira, 29 de julho de 2025
sexta-feira, 25 de julho de 2025
A Paixão de Dodin Bouffant: O Napoleão da Arte Culinária!

Imagem daqui: https://revistadeguste.com/
Comer é uma actividade essencial do ser humano mas convenhamos que este verbo tem um vasto leque de signficados, com diferentes ligações à existência. No que diz respeito a este filme - La Passion de Dodin Bouffant, de Tran Anh Hung - que obteve em português a tradução de "O Sabor da Vida" - trata-se de uma incursão exclusivamente sensorial a partir do universo de uma cozinha partilhada por dois esmerados cozinheiros. A acção cinematográfica decorre entre tachos, panelas e fogões, degustando sabores, aprimorando paladares e seguindo sugestões de aprendizagens efectuadas aquando da ingestão de alimentos e reconhecimento dos aromas. É um agradável filme de seguir, não só pelo facto de ficarmos sugestionados e com apetite, bem como pelas interpretações competentes dos dois actores em presença: Juliette Binoche e Benoît Magimel.

Despedida de Naná da Ribeira
os dias esfumam-se lentamente
todo o azul e toda a claridade
ouve-se um saxofone no corredor
ninguém diz nada, ninguém sabe nada
o motor é o escape possível no asfalto
as unhas de gel carregam no telemóvel
produzem um enervante som de plástico
único mistério guardado da existência
amanhã não subsistirá mais nada
apenas uma algibeira de memórias
e a habitação de uma descoberta desfeita
terça-feira, 22 de julho de 2025
Um Poema de Afonso Braga
quando a boca se fechava no silêncio da noite como um cravo incendiado
pela temperatura da idade como um cravo tocado pela morte
a entrar na vida como um animal à procura de alimento devastando as veias
do teu sangue sumptuoso até outro corpo ser imaginado e outras palavras reflorescerem nas escarpas do teu ventre perfumado a queda
nos esgotos da eternidade
onde não há tempo nem medo que te obriguem ao amor
in Locomografia, Editora Atelier Produção, 2009.
CAC: Saber Fazer; Saber Ver
Desta feita, a exposição “Produção Artesanal Portuguesa: A Atualidade do saber fazer Ancestral” acaba por ser uma panorâmica do artesanato nacional, pois há tapetes de arraiolos, cocharros, viola campaniça ou ainda peças oriundas do arquipélago açoriano, tais como a viola de dois corações (São Miguel) a Joeira de Santa Maria, o Lenço do Faial, entre tantas outras. É a nossa riqueza artesã e beleza dos nossos labores manuais a precisar de ser vista e apreciada. Quanto à exposição “O Tempo de Estar”, com curadoria de Beatriz Brum e Sofia Carolina Botelho, esta pretende ser uma reflexão com o espaço museológico deste espaço, isto é, pensar a relação dos artistas e do público com este lugar de afirmação artística que perdura no aqui e agora. Parte, por isso, da necessidade de conceber um acervo referencial deste lugar que seja um verdadeiro mosaico da arte contemporânea ao qual se vai acrescentado pensamento, diálogo e memória com outros trabalhos em destaque.
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Conselho
João Miguel Tavares, in Público, 17 de Abril de 2025.
domingo, 20 de julho de 2025
Da Fobia
Atena de Ana Paula Inácio
nem jónica
dorsal
a coluna majestática
da infância
das saias
das irmãs
a goma barata
rocegando-te
as pernas descobertas
do Verão
o pêlo eriçado
um gato
sábado, 19 de julho de 2025
Da Cobardia
"José Gil tem razão quando nos diz, de uma forma elegante, que nos ficou a cobardia, dos tempos do obscurantismo, temos muita dificuldade em expressarmos livremente o que sentimos. Mas já passaram 50 anos e várias gerações. Não diz, mas digo eu, que preferem mostrar a sua insatisfação através de radicalismos anónimos, expressos, cada vez mais, nos atos eleitorais."
José Gameiro, in Amorfos Felizes, Expresso, 11 de Julho de 2025.
Santa Bárbara de Naná da Ribeira
Se foi por acaso não saberei conferir
Antes assim uma
descoberta inusitada
No dealbar do estio esta
paisagem
Tão singela e tosca nas
suas manifestações
A interioridade de terras
acidentadas
Beleza e colorido das
papoilas e hidrângeas
As móveis nuvens e os
verdes tão distintos
Raios a incidir na feição
dos plátanos
Benditas chuvas que tombam
sobre os campos
Ampliam árvores e o vigor
das folhagens
Rasgam muros de sombra no
desenho das fábricas
Até ao eclodir do
marítimo horizonte
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Dos Gregos
Nómadas de Naná da Ribeira
Ouvem das casas de passagem ordem de despejo
Mudam-se vezes sem conta e com eles surge
A vontade de serem lidos em silêncio
Duvidam, pois, do tempo que ali permanecerão
terça-feira, 15 de julho de 2025
Antero de Quental
a arca secreta da verdade,
lugar coberto de dor e pó de lágrima,
onde a memória guarda o sudário do futuro.
Emanuel Jorge Botelho e Urbano in a vida e uma manhã, Publiçor, 2010.
As Amoras de Sophia de Mello Breyner
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Ciclo Imaginário de Cinema ao Ar Livre(2)
O segundo filme deste ciclo imaginário
de cinema ao ar livre seria para “Maria do Mar”, uma curta-metragem de João
Rosas, realizada em 2015, seguido de “The Florida Project”, Sean Baker. O
primeiro aborda a adolescência de Nicolau (Francisco Melo), a vida de um jovem que acompanha o irmão mais velho e amigos, num fim de semana
estival até à cidade de Sintra. Esta curta-metragem continua a ser uma delicada
estranheza, muito pela cumplicidade com que o personagem Nicolau vai
estabelecendo com o espectador ao longo do filme. Agora que João Rosas estreou “Vida Luminosa”, e que
completa a trilogia, seria de bom tom mostrar este “Maria do Mar”.
Quanto
a “The Florida Project”, o filme de 2017
do super oscarizado Sean Baker, é um fortíssimo cartão postal para
conhecer a obra deste realizador. Trata-se da história de uma pequena criança de seis anos de idade,
Moonee (Brooklynn Prince), que partilha com a mãe Halley (Bria Vinaite) um
apartamento de um motel a beiras com a fantasia da Disney World. Podemos mesmo dizer
que não há melhor projecto de enfrentamento de uma canícula abafada e lassa.
Este filme é o retrato de uma Flórida à margem, com as contradicções e as
típicas aventuras de um mundo precário e plastificado, em que a Disney World
surge como a glorificação do desejo humano.
Verão de Naná da Ribeira
Estamos agora onde devíamos estar
Ruas nuas, praias de basalto quente
Arde a fogueira interior dos vulcões
domingo, 13 de julho de 2025
terça-feira, 8 de julho de 2025
Citações
domingo, 6 de julho de 2025
Quarteirão de PDL: A Energia a Despontar
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Fotografia de Carlos Olyveira |
sábado, 5 de julho de 2025
Sobre o Caos
Luís Fernandes, entrevista de João Pacheco, Revista do Expresso, 3 de Junho de 2025.
sexta-feira, 4 de julho de 2025
quarta-feira, 2 de julho de 2025
A Ilha de Almeida Firmino
Dizem os garajaus ao voltar
Que não mais será diferente
Crepúsculo na Ilha de Marcolino Candeias
tecidas
num esvoaçar de sons
o gesto último
de querer prender à terra toda a sua vida
brota um crepúsculo de flores esmagadas
Ciclo Imaginário de Cinema ao Ar Livre (1)
Todos os anos, quando a permanência no interior das casas se torna insustentável, dou por mim a imaginar a programação de sessões de cinema ao ar livre, isto é, a propor à minha freguesia de bairro uma selecção de filmes que primem pela qualidade narrativa, uma banda sonora irrepreensível, boa cadência e ritmo cinematográfico. É claro que não posso descurar que haja uma boa amplificação do som e que estejamos todos bem sentados. Assim, será uma boa sessão de cinema ao ar livre em que nada possa ficar de fora. Então, a sessão inaugural teria o filme de Emir Kusturica, Gato Preto, Gato Branco, realizado em 1998. Pela película andam ciganos que habitam nas margens do Danúbio, os seus negócios mal afamados com os russos, desvios de comboios com gasolina de Belgrado com destino à Turquia, uma atiradora furtiva que atira aos barcos sobre as águas e ainda Dadan, o patriarca da comunidade que possui um harém. Enfim, a desbunda típica dos filmes de Kusturica com muita música e charangas à mistura.
domingo, 29 de junho de 2025
Da Saúde
"O problema não é a escassez de camas ou profissionais. É a ausência de políticas públicas com rosto humano. Falta-nos saúde de proximidade, apoio social continuado, articulação entre as instituições. As autarquias sabem quem são, onde vivem, o que precisam, mas não têm meios para intervir. O Estado empurra para o terceiro sector, que responde como pode, muitas vezes com boa vontade, mas com meios limitados e serviços inconsistentes. A caridade não pode substituir o que é - deve ser - público."
João Mendes Coelho, médico-psiquiatra, in Açoriano Oriental, dia 29 de Junho de 2025.
quinta-feira, 26 de junho de 2025
terça-feira, 24 de junho de 2025
Projecto de Rui Costa
mas só conseguiu ler quinhentas
mas só precisava de mudar uma lâmpada
mas só tinha que aceitar o jantar de quinta
e fundiu-se sem iluminar a sala
para dizer a Rita um poema com montanhas
arquitectam com a lâmpada a salvação do mundo
in A Nuvem Prateada das Pessoas Graves, Quasi Edições, Março de 2005.
Queixa de um Utente de José Miguel Silva
o lixo, já. não vejo televisão
há cinco meses, todos os dias
rezo pelo menos duas horas
com um livro nos joelhos,
nunca falho uma visita à família,
utilizo sempre os transportes
públicos, raramente me esqueço
de deixar água fresca no prato
do gato, tento ser correcto
com os meus vizinhos e não cuspo
na sombra dos outros.
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Um Poema de Mário Cesariny
Olvidan.
No dícen?
Envídian.
Hacen?
Fatal
No hacen?
Igual.
Para que
Todo es
Hurgar.
in O Virgem Negra, Assírio&Alvim, 1989
Sagres de Jorge Sousa Braga
cigarro para fumar
E para apagá-la:
todo o mar.
in O Poeta Nu, 2014.
domingo, 22 de junho de 2025
O Que Faz Falta...
sábado, 21 de junho de 2025
Timoneiro: Um Postal Antibelicista!

Cartaz daqui: http://www.cinemadg.com
Actualmente há bombas a cair e aviões nos ares do Médio
Oriente, um desassossego que não cessa, no entanto há sempre quem pense que a
vida bem poderia ser outra coisa. Outra coisa certamente muito melhor do que
guerras, fome, desespero e caos. Já passaram, no entanto, dez anos da estreia
de Timoneiro, um filme de Majid Esmaeli-Parsa, rodado no Irão em 2015. Filme visto na sala de cinema do Teatro
Ribeiragrandense, esta adaptação cinematográfica de um original do escritor
norte americano Philip Roth, narra a
história de uma criança de onze anos que, após o desaparecimento do pai,
depara-se com a possibilidade de recuperar o navio famíliar para o aniversario
paterno, onde à sua frente se encontra o Lago de Urmia enxuto. Não tarda nada e
outras crianças seguirão os passos de Hassan e com a sua amizade erguerão aquele projecto em marcha.
O realizador Majid Esmaeli-Parsa
filma, portanto, o seu pequeno herói Hassan naquela paisagem árida, onde a
ausência da água, a seiva da vida, condena o futuro de quem ali vive ao
fracasso. A esperança reside, pois, nas crianças, na aprendizagem escolar do
quotidiano, são elas que nos dão a uma nova visão poética do mundo. A poesia surge
aqui sob a forma de acções quotidianas comuns - a pintura do navio, a dança em
conjunto, o conto das histórias, a beleza de uma paisagem em ruínas. Timoneiro
é um retrato duro, cruel, expressa na ansiedade de quem espera por algo que quer muito e de que vive dos seus pequenos detalhes, da música que aparece e
desparece, daquele teatro de sombras e dos gestos e feições que nos vão eternecendo. Mesmo com algumas fragilidades narrativas, Timoneiro é um belíssimo postal poético e propositivo de um novo mundo antibelicista.

É oficial: Começou o Verão!
sexta-feira, 20 de junho de 2025
Avenida Marginal: Contos à Beira-Mar!
A leitura de Avenida Marginal abre com o conto Demónios à Tua Beira-Mar, de Alexandre Borges, onde é retratado um ambiente sui generis de conferências, bebidas brancas e psicólogas, com diabretes à mistura. Segue-se Aurea Mediocritas, do poeta Carlos Bessa, numa descrição de uma relação longínqua e prolongada no tempo, marcada pelo desgaste e pela rutura. A presença do futebol na ilha, a força deste desporto e das suas paixões, pressente-se em Capitão de Equipa, de Carolina Bettencourt. A autora Catarina Ferreira de Almeida compõe um retrato de uma mulher virada para o mar, com uma história intitulada Memória de uma Onda. O conto Enganos e Desenganos de Desidério Domingos traz-nos a primeira ficção de Herberto Gomes, jornalista de profissão, que nos conta a história de um soldado que falha na sua missão, no entanto cumpre o seu traumático regresso a casa carregado de aventuras. Em Carta de um Vulcão para o Mundo, Judite Canha Fernandes, expõe na ficção a presença e influência do Vulcão dos Capelinhos na vida insular aquando da sua erupção, a partir de alguém que hoje lhe envia uma carta. Whatever People Say I Am, de Leonardo, é uma narrativa ficcionada e autobiográfica de uma improvável personagem, de seu nome Biografia. Curiosa é também a conversa que o brasileiro Luiz António de Assis Brasil, mantém com a ilha, com este espaço e, mais concretamente, com escritor José Martins Garcia, neste caso em modo Grapefruit. Embuste é a proposta de Maria Brandão, autora micaelense que ironiza por aqui a sua relação com a editora da casa, evitando as "divagações íntimas", mas onde ambas têm muitas cumplicidades passadas. Daqui do Alto, de Maria das Mercês Pacheco, é um conto vivenciado no passado em que este "é um vulcão adormecido sob lençóis de cinza e musgo; o futuro, a promessa de incandescência". Um cheirinho da natureza extrema que, por vezes aqui se vive, é contada em Há Anos que Não Ne Lembrava de um Dia Assim, por Marta Ávila. Esta rica e variada plêiade de autores e narrativas termina com o texto A Touca Branca, de Teresa Canto Noronha, num mergulho singular à sua infância insular com sabor a “salada de atum, com maionese, rosbife, e gelados da carrinha que apita ao pé do bar”.
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Erik Satie: Arcueil por Joana Gama
Arcueil era o o bairro parisiense onde vivia Erik Satie, o músico peripatético da transição do século XIX para o século XX. A música dele assemelha-se a um passeio contemplativo e filosófico constante, aproximando-se do ritmo humano nas caminhadas e paragens, sendo esta uma actividade preferida do músico para se inspirar enquanto transportava o seu guarda-chuva, fizesse sol ou chuva, talvez um da centena de exemplares que deixou como herança na sua modesta casa.
Joana Gama, pianista portuguesa, dedicou-lhe, aliás, continua a render-lhe concertos vários e diferentes evocações carregadas de afinco e solenidade. Nste disco, editado pela Mia Soave, a pianista coloca Satie a dialogar com outros autores da sua estima: John Cage, Morton Feldman, Vítor Rua, Marco Franco ou Frederico Pompou. A acompanhar as gravações há ainda os desenhos e as gravuras de Ricardo Jacinto, André Laranjinha, Vítor Rua, Nuno Moura, Tiago Cutileiro e Marco Franco. Um disco para ouvir e sentir enquanto as flores rebentam e os árvores se enchem de pássaros ao fim da tarde. Boa audição.
Música para Encerrar a Primavera
-Diver - Dwellers On The Threshold, 2002 -Tarwater
-Verdes Anos remix part 1 e 2 - Bairro da Ponte, 2019 - Stereosauro (Com a participação de Dj Ride)
-Andava Eu - Rapaz da Montanha, 2025 - Rodrigo Leão (Com a participação de Francisco Palma)
-Recomeçar - Recomeçar, 2018 - Tim Bernardes
-In My Mind -Ruhige Music, 2022 - The Wallners
-Spike Island - More, 2025 -The Pulp
-Tao - Drama, 2025 - Rodrigo Amarante
-Ada - Como se Matam Primaveras, 2025 - Trio Filipe Furtado
-O que fomos e o que somos - O que fomos e o que somos, 2024 - Lena d'Água
-Russian Blue - Goodbye Long Winter Shadow, 2025 - Maia Friedman
-Good Old World (Gypsy) – Night on Earth, 1992 – Tom Waits e Kathleen Brennan
-Nocturno das 7 - Amplitude, 2016 - Danças Ocultas e a Orquestra Filarmonia das Beiras
quarta-feira, 18 de junho de 2025
terça-feira, 17 de junho de 2025
Maravilha: O Festival da Ilha do Faial!
Começou hoje o Festival Maravilha(https://festivalmaravilha.pt/), na Horta, Ilha do Faial. A organização pertence à Associação Cultural Fazendo que há seis anos celebra a condição atlântica de tão importante centralidade naútica. Durante quatro dias a cidade insular enche-se de festa, música, diversão, cinema, arte urbana e criatividade. Lembro-me, por isso, da sua edição debutante em que narrei para o Fazendo a minha relação com os barcos e veleiros que atracavam naquela incansável marina das ilhas do Triângulo.
Infelizmente, o Boletim Cultural Fazendo já não sai faz tempo...teve 108 edições! Eram cerca de quinhentos exemplares distribuídos gratuitamente, sendo que esta versão impressa abarcava, para além do Faial, o Pico, a Terceira e São Miguel. Aqui este escriba associou-se ao projecto em 2009 - os seus conteúdos giravam em torno da arte, da atividade cultural e da ciência - ao participar em mais de meia centena de números com a escrita de crónicas, entrevistas, reportagens e artigos variados. O Fazendo, como carinhosamente lhe chamávamos, foi uma tocha no meio do oceano, essa emanação de uma possível coesão arquipelágica quase sempre carregada de utopia e ilusão. Uma maravilha, portanto!
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Orgias de Praga: A Privação de Liberdade!
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Daqui: https://www.filmcenter.cz |
domingo, 15 de junho de 2025
Noite na Terra: Há Salsifré no Táxi!
quarta-feira, 11 de junho de 2025
terça-feira, 10 de junho de 2025
Descalça vai para a Fonte de Luís Vaz de Camões
Lianor pela verdura;
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
segunda-feira, 9 de junho de 2025
Terra Natal de Rui Lage
que há muito a mãe já não lava
nas águas da terra natal.
No Inimigo Público do Expresso...
"Velejador açoriano que terminou volta ao mundo em iate durante sete anos desolado por perceceber que António Costa não fez as reformas estruturais.
O velejador Norberto Serpa partiu numa volta ao mundo quando o primeiro ministro António Costa tinha apoio parlamentar de toda a esquerda, tendo o açoriano deixado o seu país em boas mãos, apenas para descobrir esta semana, ao regressar de sete anos de viagem, que Portugal está pior, tendo mesmo dado boleia no veleiro a uma grávida dos Açores para ir ter o filho a uma maternidade pública de Lisboa. Já um aviador açoriano que deu a volta ao mundo durante sete anos ficou espantado ao descobrir que não podia aterrar nos novos aeroportos internacionais de Lisboa do Montijo, Moita e Alcochete."
V.E. in Inimigo Público, Jornal Expresso, 30 de Maio de 2025.
domingo, 8 de junho de 2025
O Novo Flâneur de Ana Hatherly
herdeiro
do velho alegorista baudelariano
deambula
pelas grandes superfícies
do consumo
onde se exibem
da produção
os ruidosos traços
Da Insensibilidade
sábado, 7 de junho de 2025
Yuzin: Junho Verde Alface
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Capa da Yuzin Mês de Junho, 2025 |