domingo, 22 de junho de 2025
O Que Faz Falta...
sábado, 21 de junho de 2025
Timoneiro: Um Postal Antibelicista!

Cartaz daqui: http://www.cinemadg.com
Actualmente há bombas a cair e aviões nos ares do Médio
Oriente, um desassossego que não cessa, no entanto há sempre quem pense que a
vida bem poderia ser outra coisa. Outra coisa certamente muito melhor do que
guerras, fome, desespero e caos. Já passaram, no entanto, dez anos da estreia
de Timoneiro, um filme de Majid Esmaeli-Parsa, rodado no Irão em 2015. Filme visto na sala de cinema do Teatro
Ribeiragrandense, esta adaptação cinematográfica de um original do escritor
norte americano Philip Roth, narra a
história de uma criança de onze anos que, após o desaparecimento do pai,
depara-se com a possibilidade de recuperar o navio famíliar para o aniversario
paterno, onde à sua frente se encontra o Lago de Urmia enxuto. Não tarda nada e
outras crianças seguirão os passos de Hassan e com a sua amizade erguerão aquele projecto em marcha.
O realizador Majid Esmaeli-Parsa
filma, portanto, o seu pequeno herói Hassan naquela paisagem árida, onde a
ausência da água, a seiva da vida, condena o futuro de quem ali vive ao
fracasso. A esperança reside, pois, nas crianças, na aprendizagem escolar do
quotidiano, são elas que nos dão a uma nova visão poética do mundo. A poesia surge
aqui sob a forma de acções quotidianas comuns - a pintura do navio, a dança em
conjunto, o conto das histórias, a beleza de uma paisagem em ruínas. Timoneiro
é um retrato duro, cruel, expressa na ansiedade de quem espera por algo que quer muito e de que vive dos seus pequenos detalhes, da música que aparece e
desparece, daquele teatro de sombras e dos gestos e feições que nos vão eternecendo. Mesmo com algumas fragilidades narrativas, Timoneiro é um belíssimo postal poético e propositivo de um novo mundo antibelicista.

É oficial: Começou o Verão!
sexta-feira, 20 de junho de 2025
Avenida Marginal: Contos à Beira-Mar!
A leitura de Avenida Marginal abre com o conto Demónios à Tua Beira-Mar, de Alexandre Borges, onde é retratado um ambiente sui generis de conferências, bebidas brancas e psicólogas, com diabretes à mistura. Segue-se Aurea Mediocritas, do poeta Carlos Bessa, numa descrição de uma relação longínqua e prolongada no tempo, marcada pelo desgaste e pela rutura. A presença do futebol na ilha, a força deste desporto e das suas paixões, pressente-se em Capitão de Equipa, de Carolina Bettencourt. A autora Catarina Ferreira de Almeida compõe um retrato de uma mulher virada para o mar, com uma história intitulada Memória de uma Onda. O conto Enganos e Desenganos de Desidério Domingos traz-nos a primeira ficção de Herberto Gomes, jornalista de profissão, que nos conta a história de um soldado que falha na sua missão, no entanto cumpre o seu traumático regresso a casa carregado de aventuras. Em Carta de um Vulcão para o Mundo, Judite Canha Fernandes, expõe na ficção a presença e influência do Vulcão dos Capelinhos na vida insular aquando da sua erupção, a partir de alguém que hoje lhe envia uma carta. Whatever People Say I Am, de Leonardo, é uma narrativa ficcionada e autobiográfica de uma improvável personagem, de seu nome Biografia. Curiosa é também a conversa que o brasileiro Luiz António de Assis Brasil, mantém com a ilha, com este espaço e, mais concretamente, com escritor José Martins Garcia, neste caso em modo Grapefruit. Embuste é a proposta de Maria Brandão, autora micaelense que ironiza por aqui a sua relação com a editora da casa, evitando as "divagações íntimas", mas onde ambas têm muitas cumplicidades passadas. Daqui do Alto, de Maria das Mercês Pacheco, é um conto vivenciado no passado em que este "é um vulcão adormecido sob lençóis de cinza e musgo; o futuro, a promessa de incandescência". Um cheirinho da natureza extrema que, por vezes aqui se vive, é contada em Há Anos que Não Ne Lembrava de um Dia Assim, por Marta Ávila. Esta rica e variada plêiade de autores e narrativas termina com o texto A Touca Branca, de Teresa Canto Noronha, num mergulho singular à sua infância insular com sabor a “salada de atum, com maionese, rosbife, e gelados da carrinha que apita ao pé do bar”.
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Erik Satie: Arcueil por Joana Gama
Arcueil era o o bairro parisiense onde vivia Erik Satie, o músico peripatético do século XX. A música dele assemelha-se a um passeio contemplativo e filosófico constante, aproximando-se do ritmo humano nas caminhadas e paragens, sendo esta uma actividade preferida do músico para se inspirar enquanto transportava o seu guarda-chuva, fizesse sol ou chuva, talvez um da centena de exemplares que deixou como herança na sua modesta casa.
Joana Gama, pianista portuguesa, dedicou-lhe, aliás, continua a render-lhe concertos vários e diferentes evocações carregadas de afinco e solenidade. Nste disco, editado pela Mia Soave, a pianista coloca Satie a dialogar com outros autores da sua estima: John Cage, Morton Feldman, Vítor Rua, Marco Franco ou Frederico Pompou. A acompanhar as gravações há ainda os desenhos e as gravuras de Ricardo Jacinto, André Laranjinha, Vítor Rua, Nuno Moura, Tiago Cutileiro e Marco Franco. Um disco para ouvir e sentir enquanto as flores rebentam e os árvores se enchem de pássaros ao fim da tarde. Boa audição.
Música para Encerrar a Primavera
-Diver - Dwellers On The Threshold, 2002 -Tarwater
-Verdes Anos remix part 1 e 2 - Bairro da Ponte, 2019 - Stereosauro (Com a participação de Dj Ride)
-Andava Eu - Rapaz da Montanha, 2025 - Rodrigo Leão (Com a participação de Francisco Palma)
-Recomeçar - Recomeçar, 2018 - Tim Bernardes
-In My Mind -Ruhige Music, 2022 - The Wallners
-Spike Island - More, 2025 -The Pulp
-Tao - Drama, 2025 - Rodrigo Amarante
-Ada - Como se Matam Primaveras, 2025 - Trio Filipe Furtado
-O que fomos e o que somos - O que fomos e o que somos, 2024 - Lena d'Água
-Russian Blue - Goodbye Long Winter Shadow, 2025 - Maia Friedman
-Good Old World (Gypsy) – Night on Earth, 1992 – Tom Waits e Kathleen Brennan
-Nocturno das 7 - Amplitude, 2016 - Danças Ocultas e a Orquestra Filarmonia das Beiras
quarta-feira, 18 de junho de 2025
terça-feira, 17 de junho de 2025
Maravilha: O Festival da Ilha do Faial!
Começou hoje o Festival Maravilha(https://festivalmaravilha.pt/), na Horta, Ilha do Faial. A organização pertence à Associação Cultural Fazendo que há seis anos celebra a condição atlântica de tão importante centralidade naútica. Durante quatro dias a cidade insular enche-se de festa, música, diversão, cinema, arte urbana e criatividade. Lembro-me, por isso, da sua edição debutante em que narrei para o Fazendo a minha relação com os barcos e veleiros que atracavam naquela incansável marina das ilhas do Triângulo.
Infelizmente, o Boletim Cultural Fazendo já não sai faz tempo...teve 108 edições! Eram cerca de quinhentos exemplares distribuídos gratuitamente, sendo que esta versão impressa abarcava, para além do Faial, o Pico, a Terceira e São Miguel. Aqui este escriba associou-se ao projecto em 2009 - os seus conteúdos giravam em torno da arte, da atividade cultural e da ciência - ao participar em mais de meia centena de números com a escrita de crónicas, entrevistas, reportagens e artigos variados. O Fazendo, como carinhosamente lhe chamávamos, foi uma tocha no meio do oceano, essa emanação de uma possível coesão arquipelágica quase sempre carregada de utopia e ilusão. Uma maravilha, portanto!
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Orgias de Praga: A Privação de Liberdade!
![]() |
Daqui: https://www.filmcenter.cz |
domingo, 15 de junho de 2025
Noite na Terra: Há Salsifré no Táxi!
quarta-feira, 11 de junho de 2025
terça-feira, 10 de junho de 2025
Descalça vai para a Fonte de Luís Vaz de Camões
Lianor pela verdura;
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
segunda-feira, 9 de junho de 2025
Terra Natal de Rui Lage
que há muito a mãe já não lava
nas águas da terra natal.
No Inimigo Público do Expresso...
"Velejador açoriano que terminou volta ao mundo em iate durante sete anos desolado por perceceber que António Costa não fez as reformas estruturais.
O velejador Norberto Serpa partiu numa volta ao mundo quando o primeiro minsitro António Costa tinha apoio parlamentar de toda a esquerda, tendo o açoriano deixado o seu país em boas mãos, apenas para descobrir esta semana, ao regressar de sete anos de viagem, que Portugal está pior, tendo mesmo dado boleia no veleiro a uma grávida dos Açores para ir ter o filho a uma maternidade pública de Lisboa. Já um aviador açoriano que deu a volta ao mundo durante sete anos ficou espantado ao descobrir que não podia aterrar nos novos aeroportos internacionais de Lisboa do Montijo, Moita e Alcochete."
V.E. in Inimigo Público, Jornal Expresso, 3O de Maio de 2025.
domingo, 8 de junho de 2025
O Novo Flâneur de Ana Hatherly
herdeiro
do velho alegorista baudelariano
deambula
pelas grandes superfícies
do consumo
onde se exibem
da produção
os ruidosos traços
Da Insensibilidade
sábado, 7 de junho de 2025
Yuzin: Junho Verde Alface
![]() |
Capa da Yuzin Mês de Junho, 2025 |
Andrea Santolaya: A Ilha de Sam Nunca
![]() |
Homem Pássaro, 2023 |
Nota: As fotografias encontram-se expostas no Museu Carlos Machado (Núcleo de Santo André) e na Galeria Fonseca e Macedo.
quarta-feira, 4 de junho de 2025
E...Se Fôssemos Assim...
"Uma zebra pode fugir de um leão e, minutos depois, voltar à normalidade."
Daqui: https://www.publico.pt/2025/05/19/azul/noticia/natureza-lida-stress-2132098
domingo, 1 de junho de 2025
Da Saúde
Factory
sábado, 31 de maio de 2025
CPC PDL26: Como será?
sexta-feira, 30 de maio de 2025
Uma Visão Alegre destes Dias
Anteontem houve deslocação até ao Casino Açores para ver a exposição “Cor e Fantasia: Um Guião para a Utopia’, do pintor micaelense, Carlos Carreiro. Com o barulho das slot machines ininterruptamente presente, primeiramente o foco foi para os títulos e, só depois, para os delírios figurativos e cromáticos da sua pintura. De seguida, o natural mergulho naquele humor que é parte daquela inesperada fantasia e que compõe a narrativa surrealista dos seus quadros. Uma verdadeira folia policromática reveladora de um universo singular. Para quem escreve, Carlos Carreiro será sempre o pintor do políptico presente na Sala de Sessões Plenárias da Assembleia Regional dos Açores bem como o autor da capa do álbum “Valsa dos Detetives”, do agrupamento pop GNR, editado em 1989, com a belíssima faixa “Morte ao Sol”. Por agora, as pinturas e quadros de Carlos Carreiro merecem uma renovada e merecida atenção. Algum tempo depois, o destino foi a Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada para assistir ao lançamento da obra “Crónicas Alegres”, de Manuel Zebrone. Estas crónicas foram escolhidas e organizadas pelo historiador Carlos Lobão e o escritor Urbano Bettencourt, com a chancela do Núcleo Cultural da Horta. Éramos poucos na assistência para tão valioso objeto em presença e nem por isso os palestrantes deixaram de incitar e estimular tão alegre leitura. É que Manuel Zebrone, senhor de uma verve muito particular, questiona-se na crónica 86 deste seu livro: “A minha pena, sempre que lhe pego para escrever uma crónica, pergunta-me invariavelmente: «Esta semana o que temos?». E nós...o que temos no cardápio? Certamente o dever de o ler!
quarta-feira, 28 de maio de 2025
Da Moderação
segunda-feira, 26 de maio de 2025
Nulos e Brancos
Verso de Rui Machado
domingo, 25 de maio de 2025
Em Nome da Terra de Dorota Kobiela & Hugh Welchman
O desconhecimento completo da origem e
género deste filme despertou ainda mais a curiosidade à medida que se
viu a ação da película ser transformada em animação, por sinal, toda ela pintada à mão. Os
autores do filme, Dorota Kobiela & Hugh Welchman, já tinham realizado “A Paixão de Van Gogh”,
2017, utilizando a mesma técnica de animação e pintura a óleo.
A narrativa de “Em Nome da Terra”,
2023, acompanha a saga e a tragédia da jovem aldeã, Jagna (Kamila Urzedowska),
sendo esta portadora de uma graciosidade singular, para além da sua vontade de
autonomia e exaltação da liberdade em período de amarras e tradições. Esta
animação pretende, por isso, ser um retrato de uma monótona aldeia polaca do
século XIX, as suas hierarquias, os defeitos e virtudes de uma sociedade campestre no centro da Europa.
sábado, 24 de maio de 2025
Música Para o Findar de Maio
-Who Knows Where The Time Goes - Sandy Denny, 1967 - Sandy Denny
-Love, Try Not To Let Go - Pre Pleasure, 2025 - Julia Jacklin
- Happiness - Live at Revolution Hall, 2024 - Adriane Lenker
-Este País Não é para
Mães - Ferry Gold, 2025 - A Garota Não
-Se Por Acaso - 1970,
2007- J.P.Simões&Luanda Cozeti
-Lilac Wine -Wild is the Wind, 1966 - Nina Simone
-Te Recuerdo Amanda - mid-eighties, 1983 - Robert Wyatt
-Hoje Já Não é Tarde -
Salvador&Sílvia, 2025 - Salvador Sobral&Sílvia Pérez Cruz
-Mohabbat - Vulture
Prince, 2021 - Arooj Aftab
-Jelena Solun Devojko -
Songs of Thessaloniki, 2015 - Savina Yannatou
-Ge mig hopp, ge mig tro, ge mig nåt - Sex, 2024 - Anna Järvinen
-Pra Não Falar Mal - Novo
Mundo, 2025 - Arnaldo Antunes e Ana Frango Eléctrico
-Malaika -Myriam Makeba Live in Paris, 1977 - Miriam Makeba
A Saudade de Rolando de Viveiros
e de dor, de vago ansiar e nostalgia...
misto de indefinível poesia,
de esperanças, de sonhos, de incerteza...
É uma sensação, bem portuguesa,
de que se morre, um pouco, dia a dia...
Lembrança triste de uma simpatia,
que, para sempre, n´alma ficou presa...
É um sentimento vago e nebuloso,
em que há um não sei quê de misterioso,
cheio de encanto e de suavidade...
...Só quem, em vão, aspira a um bem ausente,
ou que, um dia, amou sinceramente,
pode saber, ao certo, o que é - saudade!
in Versos, 1979.
sexta-feira, 23 de maio de 2025
O Silênco dos Poetas de Naná da Ribeira
à mingua de versos e vocábulos, calaram-se
ninguém os ouve ecoar no futuro
nem mesmo em Primaveras amargas, inconsistentes,
segregam prestimosos ecos sensíveis do seu ofício
quinta-feira, 22 de maio de 2025
Cartas da Suécia: o que mudou?
Susan
Sontag in “Carta da Suécia, Suécia: Mito Ou Realidade?”,
cadernos d. quixote, 1969.
"Suécia? Um dos
países europeus mais seguros e acolhedores enfrenta na atualidade uma das
maiores crises securitárias da Europa, com o número de crimes com armas de fogo
ser apenas ultrapassado pela Albânia. Cada vez mais jovens são recrutados por gangues
de traficantes de droga e a situação atingiu tal ponto que o governo decidiu
aprovar uma lei que permite à polícia pôr escutas em telemóveis de menores de
15 anos. Uma advogada sueca confirmava: As crianças já não estão a usar as
mochilas para levar livros, antes para transportar o mercado de droga sueco nos
seus próprios ombros."
Ana
Cristina Leonardo , Ípsilon, Jornal Público, 16 de
Maio de 2025
terça-feira, 20 de maio de 2025
O Interior
sábado, 17 de maio de 2025
NAPA: Deslocados Venceremos!
É uma canção bonita, inusitada para este tipo de certame, à semelhança de Amar pelos Dois de Salvador Sobral, cantada em português, com um significado etéreo e intenso, aquela que nos irá representar no Festival da Eurovisão, logo à noite. Quem é que neste país de gente errante nunca se sentiu "deslocado" que ponha o dedo no ar? Quem é que não se revê nesta nostaclgia dolente de uma voz anasalada a pedir um coro geral? Por isso, serão muitos os estudantes, professores, portugueses emigrantes ou viajantes que irão entoar estes versos: "Por mais que possa parecer/ Eu nunca vou pertencer àquela cidade/ O mar de gente, o Sol diferente/ O monte de betão não me provoca nada/Não me convoca casa". Só por isso, já ganharam!
sexta-feira, 16 de maio de 2025
Em Escuta...
![]() |
Ferry Gold, 2025 A Garota Não |
O disco “Ferry Gold”, o terceiro de originais da “Garota Não”, chegou via caixa do correio. São 19 temas carregados de colagens, citações, apropriações, interlúdios e demais montagens. O CD, mais o livro, foram “costurados à mão, papel reciclado, muita paciência e amor”, com a assinatura do Artwork e costura da Ana Polido, contém ainda no seu interior as pinturas a óleo por Joana Batista. Para já, o tema “Alaska”, poema de João Quadros, encontra-se em modo repeat: “tudo começa numa estrada que termina no Alaska”. Em escuta atenta!
quarta-feira, 14 de maio de 2025
Sob os que informam...
Roland Barthes, num belo texto, lembra precisamente que o termo "escrita" estava historicamente ligada à escrita oficial, ou seja, às informações que vinham do centro do poder que, no limite, definia as leis. Leis, podemos dizer, vistas assim como informações -base, informações fixas, a que se tinha, e tem, de obedecer. E Barthes lembra que, para os outros, para os indivíduos, sobrava o "rascunho" - termo que definia a escrita individual dos cidadãos, a escrita que se podia rasurar, eliminar, alterar, etc., ao contrário da escrita oficial, que era intocável, era escrita na pedra -, por vezes literalmente, sempre simbolicamente."
terça-feira, 13 de maio de 2025
Haiku de Yosa Buson
qualquer pequeno riacho
fica a meter medo.
Esperança
António Scurati, in Ipíslon, 17 de Novembro de 2023
segunda-feira, 12 de maio de 2025
A Meio de Maio a Dialética!
Raul Brandão
escreveu, no início do século passado, o seguinte: “Era decerto condão das flores - mas também de Maio que chegou, com a
sua magia e o seu sonho. Rebentaram novas fontes, e a terra di-la-eis agitada e
viva. Sob o chão que calcamos correm rios de tintas que transbordam e cobrem as
árvores de roxo, de púrpura, de verde.” Os dias irão continuar, assim,
dilatados e lentos, permitindo ao nosso olhar a contemplação do horizonte
marítimo até altas horas, investindo nessa crença de redescoberta do cheiro das
flores e dos sabores da terra. É altura de despertarmos todos os sentidos bem
como em nosso redor começam novos ciclos que desejamos partilhar e contemplar.
Sexta-feira,
fim da tarde, assisto ao filme italiano “As Oito
Montanhas”, um drama realizado por Felix
van Groeningen e Charlotte
Vandermeersch. Esta narrativa fílmica serve-nos Pietro (Lupo Barbiero), e
Bruno (Cristiano Sassella), em dialética cidade-campo, esclarecendo as
vicissitudes de dois amigos e as cumplicidades que estabelecem para a vida: a
liberdade, os amores, as perdas, as viagens, sem nunca renegar as suas origens.
Uma língua italiana que não nos cansamos de ouvir pela beleza da sua sonoridade
e sentidos e uma amizade que resiste a todas as contrariedades.
Domingo de nuvens cinzentas, cargas
de água sucessivas, pedidos e benefícios vários para permanecer dentro de casa.
No final da tarde, há alguma calmaria, pausa e tréguas na liquidez primaveril. Não
muito longe daqui onde agora escrevo, assistiu-se à peça teatral “O
Mestre”, no Arquipélago
– Centro de Artes Contemporâneas. Um texto que integra e valoriza a relação
mestre-aprendiz, sobretudo no processo de autonomia de quem aprende, abrindo
espaço para a experimentação e disciplina necessárias à criação artística. Ao conceber “O Mestre”, a actriz Maria João Falcão dá, assim, relevo à transmissão de conhecimento, aqui com a presença física de Michel, o mestre, e no livre-arbítrio da aluna, refletida no corpo e
movimento da actriz. O cenário da blackbox, em forma de rectângulo, resultou primorosamente, sobretudo, para que os espectadores
presenciassem esse legado, à passagem de sabedoria de um para o outro, em modo dialético, à semelhança dos gregos antigos e dos filósofos primevos. E…Maio avança, ora chove ora faz sol!
domingo, 11 de maio de 2025
Hoje, no CAC, às 18h00
“Estou muito feliz por apresentar “O Mestre” no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas. Sigo a sua programação há muito tempo. Acredito imenso no que o Arquipélago representa: um Centro de Artes que valoriza os processos, abre espaço para a experimentação e criação artísticas. O que é nos dias de hoje, infelizmente, uma raridade. Pela minha experiência, a equipa é fantástica e de uma grande dedicação. Por outro lado, tenho finalmente, a oportunidade de visitar este centro e a sorte de poder ver ainda as exposições “Espaços Transitórios”, que celebra uma década de existência do Arquipélago, e “Cavalo Pendurado no Teto do Avesso”, de Rodrigo Costa, que ainda está patente.”
Maria José Falcão, in Açoriano Oriental, dia 9 de Maio de 2025
quarta-feira, 7 de maio de 2025
Dentro e Fora de Jorge Kol em Angra
terça-feira, 6 de maio de 2025
domingo, 4 de maio de 2025
Songs for Drella
sábado, 3 de maio de 2025
O Livro Grande de Tebas Navio Mariana de Mário de Carvalho
sexta-feira, 2 de maio de 2025
Os Beijos de Manuel Vilas
quinta-feira, 1 de maio de 2025
Música de Maio Aberto
-Hey Vini - sem palavras / cem palavras, 2020 - Homem em Catarse
-Milagre na Ótica do Utilizador - Leveza, 2023 - André
Henriques
-The Shipbuilding
- Punch the Clock, 1983 - Elvis Costelo and The Attractions
-Villa Sacchetti -
A Study of Losses, 2025 - Beirut
-The Ignoramus
Love - Dan's Boogie, 2025 - Destroyer
-Ressentidos e Ressabiados - Viva La Muerte, 2025 -
Mão Morta
-The Price I Pay - Workers Playtime, 2006 - Billy Bragg
-O Peso do Meu Coração - O Peso do Meu Coração, 2025 -
Castello Branco e Garota Não
-Fartos de Sol - Desta Vez para Sempre, 1989 - Entes Queridos
-Amerikanska skatter - Sex, 2024 - Anna Järvinen
-Year of the Snake - Pink Elephant, 2025 - Arcade Fire
-Triskel -Triskel, 2022 - André Rosinha Trio
Escuta, Zé Ninguém! de Wilhelm Reich
quarta-feira, 30 de abril de 2025
Do Mal Estar
“A obra “O Mal-Estar da Civilização” termina com a seguinte ideia:«As pessoas chegaram a um ponto de domínio tal sobre as forças da natureza que, recorrendo à sua ajuda, não terão dificuldade em se exterminarem mutuamente, até ao último ser humano. O Homem tem consciência disso, o que explica uma boa parte da sua inquietação atual, da sua infelicidade, do ambiente de medo.”
Hans -
Martin Lohmann, in Sigmund Freud, Coleção “ A Minha Vida
Deu um Livro”, 1998.