sábado, 7 de junho de 2025

Yuzin: Junho Verde Alface

Capa da Yuzin
Mês de Junho, 2025
          A Yuzzin do mês de Junho  mostra-nos uma ilha em movimento, um conjunto de atividades para que nos possamos deixar levar pela sua modesta “movida cultural”. Desta vez, aposta numa capa colorida onde sobressai o verde claro e vibrante, típico das planícies açorianas por esta altura. É hora, pois, da meteorologia fazer o seu caminho, dado que foi um Inverno demasiado longo e nublado, momento para guardar as roupas mais quentes e sair à rua com outras mais arejadas. Esta agenda é, sem dúvida, um serviço público que é prestado à comunidade micaelense, já que permite estar atento à diversificada programação estival insular. Com tanto festa em impérios, bailaricos e festivais fora de portas, não faltam  escolhas para ver, ouvir, sentir, ou, simplesmente, contemplar.

Ontem, escrito numa parede da cidade

Os miúdos largam balões ficando apoquentados os aviões

Andrea Santolaya: A Ilha de Sam Nunca

         
Homem Pássaro, 2023
Não há sorrisos nestas fotografias e não há nenhum problema nisso. Só rostos fechados, pés e asas em movimento, gente dorida em romaria, dia de festa ou celebração. É a ilha, o arquipélago, é Rabo de Peixe longe dos holofotes mediáticos e dos preconceitos sociais. Enquanto observadora atenta, Andrea Santolaya destaca o fascínio de quem aqui aporta e faz o registo de quem se aproximou e acaba por se deparar, muitas vezes, com a lonjura, o fechamento e a separação. Esta é, sem qualquer dúvida, uma sensibilidade particular, um mergulho bem fundo na interioridade que precisamos saber apreciar.
       Esta súmula de fotografias intitulada “A Ilha de Sam Nunca”, de Andrea Santolaya, é para levar a sério, digna de um espelho comunitário, tem tanto de real como ficcional, que até parece exclusivamente verídica! Há, no entanto, uma fotografia de cortar a respiração - três mulheres, aparentemente trata-se de uma mãe e duas filhas, encontram-se junto à porta e paredes de uma casa da freguesia, pintada com as cores da bandeira nacional – aqueles rostos magoados e esgares cerrados é pura poesia visual! Creio que foi Roland Barthes que afirmou que se uma fotografia nos prendesse um minuto que seja da nossa a atenção, isso revelaria  a  intencionalidade e relevância daquele gesto! E que gesto! 

Nota: As fotografias encontram-se expostas no Museu Carlos Machado (Núcleo de Santo André) e na Galeria Fonseca e Macedo