sábado, 7 de junho de 2025

Andrea Santolaya: A Ilha de Sam Nunca

         
Homem Pássaro, 2023
Não há sorrisos nestas fotografias e não há nenhum problema nisso. Só rostos fechados, pés e asas em movimento, gente dorida em romaria, dia de festa ou celebração. É a ilha, o arquipélago, é Rabo de Peixe longe dos holofotes mediáticos e dos preconceitos sociais. Enquanto observadora atenta, Andrea Santolaya destaca o fascínio de quem aqui aporta e faz o registo de quem se aproximou e acaba por se deparar, muitas vezes, com a lonjura, o fechamento e a separação. Esta é, sem qualquer dúvida, uma sensibilidade particular, um mergulho bem fundo na interioridade que precisamos saber apreciar.
       Esta súmula de fotografias intitulada “A Ilha de Sam Nunca”, de Andrea Santolaya, é para levar a sério, digna de um espelho comunitário, tem tanto de real como ficcional, que até parece exclusivamente verídica! Há, no entanto, uma fotografia de cortar a respiração - três mulheres, aparentemente trata-se de uma mãe e duas filhas, encontram-se junto à porta e paredes de uma casa da freguesia, pintada com as cores da bandeira nacional – aqueles rostos magoados e esgares cerrados é pura poesia visual! Creio que foi Roland Barthes que afirmou que se uma fotografia nos prendesse um minuto que seja da nossa a atenção, isso revelaria  a  intencionalidade e relevância daquele gesto! E que gesto! 

Nota: As fotografias encontram-se expostas no Museu Carlos Machado (Núcleo de Santo André) e na Galeria Fonseca e Macedo

Sem comentários:

Enviar um comentário