quarta-feira, 14 de maio de 2025

Há 30 anos!

 


Sob os que informam...

          "Durante muitos séculos, a informação era quase sempre oficial, isto é, partia de uma única origem, de um centro. O rei, ou o chefe máximo dos máximos de um país qualquer emitia a escrita informativa, uma escrita única, sem contraditório nem verificação. 
        Roland Barthes, num belo texto, lembra precisamente que o termo "escrita" estava historicamente ligada à escrita oficial, ou seja, às informações que vinham do centro do poder que, no limite, definia as leis. Leis, podemos dizer, vistas assim como informações -base, informações fixas, a que se tinha, e tem, de obedecer. E Barthes lembra que, para os outros, para os indivíduos, sobrava o "rascunho" - termo que definia a escrita individual dos cidadãos, a escrita que se podia rasurar, eliminar, alterar, etc., ao contrário da escrita oficial, que era intocável, era escrita na pedra -, por vezes literalmente, sempre simbolicamente." 

Gonçalo M. Tavares, in "Os Jornalistas", Revista Expresso, 22 de Março 2024.