sábado, 2 de novembro de 2013

Há 30 anos...


Um arquipélago a meio do atlântico.

"Há três cidades à beira-naufrágio,/ e muitas outras sem rosto nem memória./E nomeavam: Horta, Angra, Ponta Delgada/e arregaçavam mais as calças, os pescadores de algas/ e silêncio.”                                                                                                                                                                                 Santos Barros
Mural de Luís Brum na Rua de Lisboa
     Reencontrar uma outra ilha, avançar tantos anos depois com um nó na garganta, percorrer a sua periferia e a paisagem escutando a voz e o sorriso da Nelly Furtado cantar: “But the smile is bigger than the Atlantic sea/It happens to bring out the Atlantis in me/Island of wonder/Where do you come from?/Is it the way the sun hits my face/Or is it your memory which I cannot trace, I cannot trace.” Poucas vezes importou o lugar de onde vimos. O espectáculo de beleza do Outono tão pouco. Na chegada a São Miguel e, à entrada de Ponta Delgada, é impossível não dar conta  da presença de gigantescos cartazes do concerto de “O Experimentar” bem como dos mupis espalhados pelos diversos cantos da cidade. Finalmente, uma promoção de uma banda insular como deve ser. Será do cosmopolitismo dos seus elementos? O luminoso concerto deu-se no Teatro Micaelense, com o florentino “Rema” a ser tocado já sob o signo da confiança e da euforia pela nave açoriana que regressou aos palcos com gente de tantos lados e a retomar o concerto sob ovação de uma plateia fiel e rendida. À saída concerto e na descida da rua de São João há uma loja com os sumptuosos iogurtes da Ilha das Flores bem como na Rua de Lisboa há um desenho do terceirense Luís Brum, o que reforça a ambicionada ideia de que estamos num arquipélago a meio do atlântico. E é tão estimulante que assim seja.