
Cartaz daqui: http://www.cinemadg.com/
Actualmente há bombas a cair e aviões nos ares do Médio
Oriente, um desassossego que não cessa, no entanto há sempre quem pense que a
vida bem poderia ser outra coisa. Outra coisa certamente muito melhor do que
guerras, fome, desespero e caos. Já passaram, no entanto, dez anos da estreia
de Timoneiro, um filme de Majid Esmaeli-Parsa rodado no Irão em 2015. Filme visto na sala de cinema do Teatro
Ribeiragrandense, esta adaptação cinematográfica de um original do escritor
norte americano Philip Roth, narra a
história de uma criança de onze anos que, após o desaparecimento do pai,
depara-se com a possibilidade de recuperar o navio famíliar para o aniversario
paterno, onde à sua frente se encontra o Lago de Urmia enxuto. Não tarda nada e
outras crianças seguirão os passos de Hassan e a amizade de outras crianças
erguerão aquele projecto em marcha.
O realizador Majid Esmaeli-Parsa
filma, portanto, o seu pequeno herói Hassan naquela paisagem árida, onde a
ausência da água, a seiva da vida, condena o futuro de quem ali vive ao
fracasso. A esperança reside, pois, nas crianças, na aprendizagem escolar do
quotidiano, são elas que nos dão a uma nova visão poética do mundo. A poesia surge
aqui sob a forma de acções quotidianas comuns - a pintura do navio, a dança em
conjunto, o conto das histórias, a beleza de uma paisagem em ruínas. Timoneiro
é um retrato duro, cruel, expressa na ansiedade de quem espera por algo que quer muito e de que vive dos seus pequenos detalhes, da música que aparece e
desparece, daquele teatro de sombras e dos gestos e feições que nos vão eternecendo. Mesmo com algumas fragilidades narrativas, Timoneiro é um belíssimo postal poético e propositivo de um novo mundo antibelicista.
