sábado, 21 de outubro de 2023

Um Poema Visual para o Areal

       
Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal
Fotografia de Gabriela Oliveira
       A ideia surgiu na edição do FUSO Insular do ano passado após a Gabriela Oliveira me ter convidado para narrar o  seu pequeno filme "Itinerário". Surgiu, assim, deste modo a vontade de pensar numa ideia que fosse possível materializá-la no laboratório de imagens da edição do Fuso Insular deste ano. Ao mesmo tempo acreditar nesta escola estival, destinada à aprendizagem marcada pelo experimentalismo, aberta à liberdade criativa e ao conhecimento teórico do mundo das imagens, e que desta feita reactivasse um contacto ainda mais profundo com as imagens em movimento. 
        Esta ideia de criar um filme, a partir de imagens e dos sons, era já muito antiga,  e foi isso que levou ao projecto inicialmente apresentado que trazia já dentro de si este "Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal". O cinema é um trabalho coletivo e foi isso mesmo o que se veio a passar. Este pequeno filme materializa uma ideia em oito minutos, juntando as imagens captadas pela câmera da Gabriela Oliveira, a música de Filipe Furtado e a montagem de Elliot Sheedy, para além das sessões de apresentação no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas. 
          E, perguntam: qual é o leit-motiv deste documentário de cariz poético-musical? Trata-se, sobretudo, de fixar um momento, neste caso particular uma vivência, um tributo/homenagem a um lugar de pertença que se encontra em mudança: o Areal de Santa Bárbara. Durante os meses de verão socorri-me da paciência e da boa vontade da Gabriela Oliveira e fomos à procura desse movimento inusitado no Areal. Intuímos, portanto, o imprevisto e o improviso na Cervejaria do senhor Manuel Furtado, estabelecemos as coordenadas e ligação ao músico açoriano, Filipe Furtado, imersos naquela festa domingueira do Espírito Santo, na Ribeira Seca. É, para nós, uma alegria podermos contar com a banda sonora deste músico açoriano, numa aventura sonora deambulante, poética e memorial, mantendo-se fiel ao seu registo bossajazístico, e que ao piano, por vezes, lembra o músico sueco Jan Johansson. O resultado final é um documento fílmico em torno do Areal e das memórias de quem se dispõe a narrar.
           Por último e, com a devida vénia ao trabalho de montagem, aqui realizado pelo músico e cineasta norte-americano, Elliot Sheedy. Ele que desenvolve trabalho continuado e permanente num universo de cariz alternativo, crítico mordaz da sociedade contemporânea, prestes a estrear a sua primeira longa metragem. Neste nosso pequeno filme, alcandoramos algumas fragilidades no trabalho e conhecimento de Elliot Sheedy, pois foi ele quem juntou as peças  e articulou os sons e as imagens, com o devido guião de orientação, evidentemente.
         Por essa razão, enquanto parte interessada e interveniente neste processo criativo, deu para entender que  "Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal" é o resultado dum esforço colectivo marcado pelo  ímpeto e paixão pelo mundo das imagens em movimento, a dita sétima arte. Que todos e todas ocorram ao Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, no dia 28, às 18h30, à blackbox e que possam assistir à estreia deste e dos outros filmes, realizados durante o laboratório de imagens do Fuso Insular de 2023.