Os poetas andam estranhamente silenciosos
à mingua de versos e vocábulos, calaram-se
ninguém os ouve ecoar no futuro
nem mesmo em Primaveras amargas, inconsistentes,
segregam prestimosos ecos sensíveis do seu ofício
à mingua de versos e vocábulos, calaram-se
ninguém os ouve ecoar no futuro
nem mesmo em Primaveras amargas, inconsistentes,
segregam prestimosos ecos sensíveis do seu ofício
recusam elevar-se em saltos substantivos ou
dar piruetas metafóricas
Absolutos requerentes de cuidados e atenção
os poetas foram subtraídos,
olvidados,
já não reivindicam estações de poesia
a febre dos fenos e a fruta da época
adormecem à sombra de uma lenhosa árvore
hibernam de promessas e serenas canções
até que a tinta das raizes lhes exploda
pela grafia escorreita
nos dedos das mãos.