sábado, 7 de maio de 2016

Chet Baker

Amarga coincidência essa de te fotografarem
sentado no peitoril de uma janela tocando
trompete e o modo como morreste. A toada

limpa e morna que se ouvisse se tocavas para alguém
para a cidade ou apenas para a noite são perguntas
com tanto de inútil como de impossível de responder.

Permanece o forte tempero de ironia de que
o jazz é composto esse sorriso à dor uma forma
de unir tudo o que na vida é fuga.
Agora só essa toada de bicho nocturno confirma isso

a ironia a fotografia a forma como morreste e quem sabe
um engano que levasse o tempo de uma queda

de um corpo da janela ao chão da rua.

António Amaral Tavares