quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A Melancolia e o Ano Novo


      Na caixa dos correios uma agenda com palavras e frases à solta e à volta das ilhas e dos ilhéus. Obrigado, Diana e João! Os Açores, sempre. As Charlas Quotidianas do Doutor Mara logo no início de Janeiro deste ano no palco da Travessa dos Artistas com o João Malaquias e a Judite Fernandes. Este ano que finda e outro que agora começa. Depois do cinema belo e tocante do Joaquim Pinto e Nuno Leonel é só deixar tocar as canções das cantoras: Sharon van Etten, Joana Newson, Márcia  e Angela Olsen. Os Beirut em Coura. As noites de poesia com o Malaquias, o Leonardo e tanta gente. Dois poemas publicados na colectânea do Silêncio da Gaveta. Saudades do Maçariku que partiu no início do verão, a leitura de todos os livros de Paulo Varela Gomes, ainda as crónicas da Alexandra Lucas Coelho e os livros de fotografia do Duarte Belo. As ilustrações do Luís Brum e do Pedro Valim. A poesia da Renata Correia Botelho, Urbano Bettencourt, João Paulo Esteves da Silva, Ana Paula Inácio, Herberto Helder, Heitor Aghà Silva, Rui Duarte Rodrigues e Marta Chaves. A memória, a humanidade, a natureza nos filmes de Agnès Varda, Dino Risi, Paulo Abreu, Mario Ruspoli, Miguel Clara Vasconcelos, Alexander Payne e Luís Bicudo. As fotografias do Eduardo Brito e a escultura de Susana Aleixo Lopes. Os pescadores Isauro Rosa e Jáfoneca. A troca epistolar com Janeiro Alves. O Fazendo.As cidades de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Horta e Lisboa. A Póvoa. Os amigos e amigas que moram no coração. Um futuro 2015 pleno de melancolia.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

«Trinta e quatro sonetos e trezentas e cinco redondilhas» de João Paulo Esteves da Silva


Edição da Douda Correria, 2014
                                                                 Dos sonetos:

                                   (...) Se chove muito na calçada, acorda
a sensação de que o país está morto
e que o trabalho acaba, e só o desporto
o fingimento, o jogo, inspira a horda.”

Das redondilhas:

(...) Chovem optimismos
e as coisas ternas,
voluntariosas,
cheias de genica
enchem-se de orgulho
enquanto não chega
a próxima nuvem
a qual tarde ou cedo
acaba por vir
despertar a sombra.”

E deixa-me o azul, o azul profundo...

 
Rever Lisboa no dia em que Alexandre O´Neill, se fosse vivo, faria 90 anos:

E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.

Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?
 

 

sábado, 13 de dezembro de 2014

95 FA...

"O verão para estar com os outros e o inverno recolher e desenvolver projectos impossíveis em dias de sol." 

Gonçalo Cabaça, in FAZENDO nº95, mês de Dezembro de 2014.

Nota:Ler aqui a versão digital do jornal: http://fazendofazendo.blogspot.pt/