domingo, 23 de abril de 2017

Um Poema Vindo de Londres

Enviaram-me um poema de Londres a anunciar
a comoção dos pássaros à chegada
e demais versos sobre periferias abandonadas
com raparigas dengosas à janela
a recusa do êxtase  e dos pingos da existência
num universo cada vez mais supérfluo 
em expansão.

Às vezes acreditamos que o melhor ainda está para vir
a desenvoltura das ruas, a ligeireza dos corpos
enganamos a palidez do voo com penas e asas
ditos por ornitólogos ao entardecer na amurada do cais
consumidos por mazelas, presságios e ruínas
arautos de água pouco fértil,
a escorrer pelos campos e veredas
no desfecho de uma primavera que se quis ausente.

12 de Abril de 2017, na Tascá.