Anteontem
houve deslocação até ao Casino Açores para ver a exposição “Cor e Fantasia: Um Guião para a Utopia’, do pintor micaelense,
Carlos Carreiro. Com o barulho das slot
machines ininterruptamente presente, primeiramente o foco foi para os títulos e,
só depois, para os delírios figurativos e cromáticos da sua pintura. De seguida, o natural mergulho naquele humor que é parte daquela inesperada fantasia e que compõe a
narrativa surrealista dos seus quadros. Uma verdadeira folia policromática
reveladora de um universo singular. Para quem escreve, Carlos Carreiro será sempre o
pintor do políptico presente na Sala de Sessões Plenárias da Assembleia
Regional dos Açores bem como o autor da capa do álbum “Valsa dos Detetives”, do agrupamento pop
GNR, editado em 1989, com a belíssima faixa “Morte ao Sol”. Por agora, as pinturas e quadros de
Carlos Carreiro merecem uma renovada e merecida atenção.
Algum
tempo depois, o destino foi a Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada
para assistir ao lançamento da obra “Crónicas Alegres”, de Manuel Zebrone.
Estas crónicas foram escolhidas e organizadas pelo historiador Carlos Lobão e o
escritor Urbano Bettencourt, com a chancela do Núcleo Cultural da Horta. Éramos
poucos na assistência para tão valioso objeto em presença e nem por isso os
palestrantes deixaram de incitar e estimular tão alegre leitura. É que Manuel Zebrone,
senhor de uma verve muito particular, questiona-se na crónica 86 deste seu
livro: “A minha pena, sempre que lhe pego para escrever uma crónica,
pergunta-me invariavelmente: «Esta semana o que temos?». E nós...o que temos no
cardápio? Certamente o dever de o ler!