sábado, 18 de janeiro de 2014

Canção para Luísa e o Armário

Talvez existisse verão e não me recordo
o suor, antiga casa, correria 
a terra e sabor das mãos nos frutos  
uma corda com roupa a secar
depois da escola tantos saberes
dois minutos e uma canção para ti,
amada Luísa à beira mar,
clausura no armário, tanto requeimo,
inicial beijo principal assomo

Crescemos depressa sem saber
brincadeiras e folias em destroços
após infância outros contentamentos
decorados no corpo e na palma da mão
pedido de loucura e desatino
salto à corda  naquele friso suficiente
digo ausência e sombra no teu rosto
existência narcísica ao espelho
conciliados num armário e tanto calor
primordial afago fundacional amor