quarta-feira, 23 de outubro de 2013

No Movimento Diplomático do Outono...

Caros leitores e leitoras, durante os meses da canícula estive alegremente apartado deste espaço e deveras retirado do mundo das letras. Foi preciso o dealbar do Outono e o retomar da melancolia - os dias encurtaram, o sol rareia, é certo - daí que é desta forma triste e acabrunhada que regresso ao vosso caloroso e apelativo convívio. Como devem imaginar é necessário ficar arreigado do movimento diplomático do Outono, tão necessário ao meu espírito luso para que as palavras se alinhem e enfileirem engrossando este mural de lamentações bem como alguns lampejos se lancem na atmosfera e ganhem respectivo corpo e movimento. Durante a minha ausência, o mundo esteve muito calmo, demasiado até, vivemos num mundo comovente sem qualquer comoção. Sim, eu sei, ao contrário do mundo da alta finança e da especulação que continua desvairado e louco, mas nesse âmbito sempre me mexi com muita dificuldade, tendo ouvido recentemente uma declaração de uma vítima desse desastre declarar: "Estou morto mas ainda fungo!". Tenho, portanto, dedicado a minhas parcas horas de ócio à recolecção de sonoridades perdidas no fundo do tempo. Acredito que o mundo sem música seria um desperdício. Um amigo de longa data diagnosticou-me instabilidade crónica no meu espírito, pensa ele que se deve em muito ao terreno geológico que agora piso e às constantes divagações das quais resultam charlas e fait-divers que não lembram ao vosso familiar mais estranho. Ultimamente, a minha alimentação é bastante modelar, sigo à regra uma dieta alimentar baseada em bifes de atum, chicharros, iogurtes florentinos e umas suculentas meloas de Santa Maria…quem sabe não são estas que ainda me prendem ao quotidiano ou mesmo à dura e esdrúxula realidade em que nos movemos. Em suma, espero que amanhã ainda tenham vontade de me ler.