segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Novembro entrou e o Telegrama para Janeiro quase voou

Caro Janeiro Alves,

                  Estamos de novo nas primeiras páginas dos jornais e nas bocas do mundo e não se fala de mais nada a não ser nos preparos e organização das Conferências da Fajã. Apesar das divergências que temos tido nas nossas mais recentes trocas epistolares, espero, muito sinceramente, poder contar consigo e com a sua inteligência para mais uma intervenção de alcance futurista.
    Sobre a sua última missiva, apraz-me registar que o meu caro amigo abordou de forma subtil a minha vida folgada, afirmando mesmo que esta é sustentada com um bom pé-de-meia que recebi de espólio familiar. Quais são as suas fontes? Já agora, o que é que tem a ver com isso? Quer arranjar o seu fato preto? E quer comprar um ventilador de ideias em segunda mão? E se mexesse esse seu rico corpinho? Espalhe a sua sapiência e teorias futuristas por novos contextos sociais e mercados… é que já não me chegava a sua mania recente de me enviar filetes de peixe sem espinhas!? No sentido de sossegá-lo, afianço-lhe também que me encontro seguro e que não fui transportado por nenhuma onda. 
              Certo, certo é que este é um dos momentos mais aguardados do ano. Caso possa, agarre-se à cadeira de Luis XIII em que está sentado, dê lustro ao carvalho francês maciço do Séc. XIX, pois tenho a comunicar-lhe que fui nomeado o principal e eterno Curassário (uma mistura de Curador com Comissário) das Conferências da Fajã. Surpresa??? De súbito, comecei a receber todo o tipo de propostas para prelecções irreais, discursos anómalos, intervenções atípicas e manifestos utópicos. Sei também que tem trabalhado noite e dia, medido e pesado o teor e conteúdo da sua intervenção, muito embora a atenção dada ao seu cágado de estimação. Conto, por isso, nos próximos dias enviar-lhe o magnífico programa em papel couché "brilho" pelos correios com textos e fotografias de todos os palestrantes, conferencistas, manifestos e pausas para champanhe que temos agendadas.
 Despeço-me com um abraço líquido a condizer com a estação, bem como os augúrios de bom trabalho, 
                                 seu amigo eterno,
                                                                                                                                Doutor Mara