segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Fim de Semana Musical no Arquipélago


     Os WE SEA apresentaram-se em palco nesta última sexta-feira, com Rui Rofino (voz), Clemente Almeida (sintetizador e baixo), Rómulo San-Bento (guitarra) e Pedro Rodrigues (bateria) perante uma blackbox do Arquipélago disponível e com a sala há muito esgotada. A audiência estava, por isso, pronta para aderir com rapidez, pois estava completamente sintonizada com o cancioneiro, notando-se que estes jogavam em casa dada a familiaridade que se sentia tal era o ambiente de festa pressentido a cada canção concluída. Com os temas dos álbuns anteriores intercalados com o a apresentação do seu novo trabalho, “Cisma” revelou-se um disco mais consistente, aprimorado e repleto de canções seguras e prontas a ser trauteadas e acessíveis a qualquer playlist de uma rádio bem perto de si. Foi, sem qualquer dúvida, um concerto muito bem conseguido, evidenciado uma etapa diferente e com um espírito de banda que se pretende que continue e solidifique. Houve tempo para alguns momentos a roçar a perfeição, com alguns novos temas ao vivo a soarem orelhudos, bem audíveis e ritmados, como são os casos de “Seja como For” ou “Cisma”. Por isso, há que dar os parabéns à banda pelos seus cinco anos de existência, esperando que a novidade se repita a cada novo disco e concerto ao vivo. 
      No domingo, ao fim da tarde, foi a vez de Luís Senra subir ao palco da blackbox para tocar e dar azo ao seu saxofone navegante, permitindo-se este a um diálogo da sua barca sonora de forma serpenteante e experimental no violino e poesia de Filipa Gomes. Desse empreendimento em palco, resultado da oficina intuitiva com o objetivo do concerto "Reflexos da Origem", há que ressaltar a graciosa construção erguida em pedras de basalto negro, sugerindo aqui uma experimentação cenográfica baseada na união dos músicos presentes. Uma prestação curta, é certo, mas sincera na expressão musical e do amor necessário a um mundo em colapso e em que cada um de nós se encarcerou e perdeu o norte mas que lentamente não tardará a voltar a abrir-se. E que, por isso, haja permanentemente música em redor.