sábado, 17 de março de 2018

Sala de Embarque: Um ano Depois!

              Irá fazer agora um ano em que nos propusemos apresentar a peça Sala de Embarque no palco do Teatro Micaelense. A experiência, a todos os títulos intensa, tornou-se profícua e favorável para a aprendizagem dos intervenientes no processo, deixando em todos nós um travo de saudade e melancolia. A partir das três apresentações iniciais na Galeria Arco 8 e, com o convite do Teatro Micaelense, fomos encarando aquele desafio como uma caminhada conjunta a que nos aventuramos em alcançar. A nós juntar-se-ia a actriz Lígia Soares que se tornou cúmplice duma encenação mais física e ousada, que o digam João Malaquias,  Henrique Santos, Margarida Benevides e Joana Matos que comprovariam um trabalho contínuo, dedicado e bastante esforçado. Nos bastidores conseguimos contributos preciosos na comunicação e grafismo da Júlia Garcia, as fotografias do Carlos Olyveira, a luz e o som do Diogo Fonseca, os cenários de Ana Lúcia Figueiredo e André Almeida e, ainda que com menor incidência, o apoio dramatúrgico do Miguel Castro Caldas. Agora, quando olhámos para trás, constatamos que tudo isto deveu-se a um trabalho de equipa com  abnegação e consistência, para lá da solidez das ideias teatrais a que nos esforçamos em transmitir.
“Aproveita enquanto andamos por aqui”, dizia-me muitas vezes a Joana Matos, para convencer-nos que a viagem se encontrava no início e que deveríamos aproveitar aquele momento. Ainda hoje nos interpelamos porque fizémos uma única vez no palco do teatro, dado que era grande o investimento e entusiasmo por representar naquele palco. E depois de termos esgotado a capacidade da sala e terem ainda disponibilizado mais dezassete lugares para quem quisesse assistir, ficou-nos por ali uma leve insatisfação e uma alguma tristeza ou incompletude no resultado final. No entanto, sentimo-nos agradecidos a todos os que se empenharam com a nossa passagem pela sala do Teatro Micaelense.
E para quando uma digressão pela ilha? A pergunta de tantas vezes repetida que algum tempo depois decidimos colocar mãos à obra. E, dada a proximidade das festas e do verão, deparámo-nos com várias dificuldade em levar a peça ao Teatro Ribeiragrandense pois houve sempre incompatibilidade com datas e disponibilidade do elenco. Conseguiríamos depois apresentar em sessão dedicada às escolas e, com a colaboração dos finalistas do secundário, no auditório escola de Vila Franca do Campo. E ainda pouco tempo antes das férias, acampámos no formidável “Cineteatro Lagoense Francisco D´Amaral Almeida”, na cidade da Lagoa, com direito a vários dias em cima do palco para ensaios e trabalho de luz e som com o Cristóvão Ferreira, numa experiência que resultou aprimorada e harmoniosa como se constatou no trabalho final. Curiosamente, reconhecemos hoje que esta terá sido a nossa melhor apresentação das seis efectuadas.
Em suma, um ano depois, fica a evocação e  memória teatral pois façamos jus e força para que outras e novas aventuras teatrais surjam no horizonte. Assim haja oportunidade.

Antes da Ordem do Dia

Deveríamos concentrar-nos na escrita
ou então proferi-lo oralmente
sobre aquilo que aqui hoje nos trouxe
já foi simplesmente apelidado de inconsequente
sobretudo déja vu
(perdoem os franceses pelo anacronismo do termo)
E se fossem todos dar uma volta ao bilhar grande
ou confirmarem a minha presença na esquina
é que não me contenho de descontentamento
lavem os dentes ou remetam-se ao silêncio
é tudo o que me ocorre  neste instante