
“Os Suecos sentem evidentemente orgulho
na maneira de ser única da Suécia, no seu papel de vanguarda no panorama
internacional. Tal soa bastante americano, não é verdade? Mas o deles é um tipo muito diferente de orgulho.
Os americanos revestidos também dum sentido de supremacia única como nação e da
sua identificação com a virtude, não só consideram a sua própria virtude como
exportável, mas possuem ainda um mandato para a sua exportação (e lucram com a
mesma: imperialismo). Os suecos vêem-se a eles mesmo exemplares num estilo mais
passivo. Não estão nem em posição nem dispostos, por temperamento, a exportar
agressivamente aquilo que eles praticam – costumes sexuais pós-puritanos, bom
gosto e generosidade para as artes, planeamento económico racional, justiça
social sem atritos, cuidado com o ambiente urbano-,mas aguardam com confiança
os inevitáveis movimentos da história que levarão outras nações a imitá-los. O
que acontece na Suécia, tem-me sido dito por mais de um sueco, acontece cinco,
dez, ou quinze anos mais tarde em qualquer outra parte adiantada do mundo.”
Susan
Sontag in “Carta da Suécia, Suécia: Mito Ou Realidade?”,
cadernos d. quixote, 1969.
"Suécia? Um dos
países europeus mais seguros e acolhedores enfrenta na atualidade uma das
maiores crises securitárias da Europa, com o número de crimes com armas de fogo
ser apenas ultrapassado pela Albânia. Cada vez mais jovens são recrutados por gangues
de traficantes de droga e a situação atingiu tal ponto que o governo decidiu
aprovar uma lei que permite à polícia pôr escutas em telemóveis de menores de
15 anos. Uma advogada sueca confirmava: As crianças já não estão a usar as
mochilas para levar livros, antes para transportar o mercado de droga sueco nos
seus próprios ombros."
Ana
Cristina Leonardo , Ípsilon, Jornal Público, 16 de
Maio de 2025