quarta-feira, 22 de maio de 2013

Da onomástica guardarei o assombro do teu olhar...



           Há pessoas que escrevem coisas íntimas nas paredes de casas que julgam abandonadas. Há dias vi alguém que escreveu “Amo-te Filipa” na parede da casa onde durmo pelo menos oito horas por noite. Sempre que abro a porta de casa penso em todas as Filipas e na pessoa que terá escrito aquela frase. Será que se conhecem?
          Li, entretanto, que o nome Filipa significa o amor pelos cavalos. É um nome grego que os portugueses usam para dar às raparigas, por vezes  no masculino também nos rapazes, mas penso que não é por se assemelharem aos cavalos ou mesmo às éguas. É um nome que lembra a verdura e a fertilidade dos campos primaveris.
             Da janela de minha casa vê-se uma marina e é curioso que haja pessoas que, não sei se pais ou mães, apelidam as suas filhas com este nome que contém o atlântico e outros tantos barcos à vela dentro.
           Há barcos com nomes de pessoas com um olhar que não esqueço. Pessoas que fazem imaginar partidas, regressos, aventuras, viagens por mares agitados e turbulentos e entradas serenas em portos de abrigo. E enquanto desenho escrevo o nome delas tatuado no seu olhar carregado de sal e da cor do mar.