O
ano chega ao fim e com ele surgem as listas dos filmes, dos livros, dos discos,
das viagens e das músicas que, supostamente, devíamos ter experienciado ou vivido. O diagnóstico é
sempre o mesmo: tanta coisa ficou por fazer no ano de 2024. E o que é verdade é que permanece sempre uma
descomunal aflição pelo que não ouvimos, não lemos, ou sentimos, por tudo
aquilo que, segundo os críticos, os especialistas, os influenciadores,
sobretudo no que nos faltou viver, talvez, sentir. Podemos, é certo, falar mesmo numa bioansiedade, isto é, uma ansiedade por viver cada vez mais! No gira-discos caseiro, a agulha
volta sempre ao princípio para ouvir o Leonard Cohen a tocar o “Famous Blue
Raincoat” e, com ele, seguir a luz do horizonte e do cenário das araucárias com os versos:
“It´s four in the morning, the end of December”. Há, por isso, qualquer coisa
que parece estar sempre a faltar, uma inquietação interior que não se enquadra
dentro de qualquer ordem ou substância material do universo. E…de repente temos
a sensação que o mundo se encontra em falta, em declínio, a autodestruir-se. Ao
mesmo tempo que olhamos em redor e sentimos de viva voz que o mundo está
doente, que se encontra em retrocesso acelerado, uma regressão energética e
civilizacional. Tornamo-nos, assim, insensíveis ao sofrimento do mundo, à queda
das bombas, ao caos generalizado. O que fazer?
Não falta quem nos diga que temos uma
enormíssima crise climática pela frente, acompanhada por uma galopante inflação
e demais guerras em marcha, conflitos sociais internos e externos e, para nossa
desgraça, diminuição de investimento em políticas públicas – saúde, educação,
cultura, habitação, transportes. Por parte da juventude, os sinais bem que podiam ser de esperança, no entanto,
surge a dúvida, já que à nossa frente existe uma comunidade que se abotoa ao
sedentarismo, à lógica dos écrans e das redes, uma forte resistência à
ilustração sem visão crítica do mundo. E, cúmulo dos cúmulos, há também muita
juventude sedenta de autoritarismo, preconceito e visões securitárias dos
estados democráticos em que vivemos. O mundo está muito perigoso, aliás, sempre
esteve!
Não falta quem nos diga que temos uma enormíssima crise climática pela frente, acompanhada por uma galopante inflação e demais guerras em marcha, conflitos sociais internos e externos e, para nossa desgraça, diminuição de investimento em políticas públicas – saúde, educação, cultura, habitação, transportes. Por parte da juventude, os sinais bem que podiam ser de esperança, no entanto, surge a dúvida, já que à nossa frente existe uma comunidade que se abotoa ao sedentarismo, à lógica dos écrans e das redes, uma forte resistência à ilustração sem visão crítica do mundo. E, cúmulo dos cúmulos, há também muita juventude sedenta de autoritarismo, preconceito e visões securitárias dos estados democráticos em que vivemos. O mundo está muito perigoso, aliás, sempre esteve!