sábado, 6 de julho de 2013

Soneto

Ilustração de Aurora Ribeiro
No céu duma tristeza cor de farda,
Uma angústia de nuvens se desenha.
O amor já morreu: que o tempo venha
Desmantelar o que a memória guarda.

Jogai!, jogai! Quem não jogar não ganha
Nem perde. É a última cartada.
Eu aposto na vida, mesmo errada.
Talvez outro destino me sustenha.

Avião de Lisboa para o mundo,
Apaga-me a tristeza com as asas,
Tão nítidas no céu em que me afundo!

Depois desaparece atrás das casas
E deixa-me o azul, o azul profundo,


E duas nuvens de razão tocadas.

Alexandre O´Neill  (Lisboa, 19 de Dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de Agosto de 1986)

A Melhor Juventude

Marco Tuglio Giordana(2003)



Matteo: Que palavras enchem a tua cabeça?


Georgia: ...