quinta-feira, 9 de maio de 2019

Compêndio da Folia (A, B,C, D, E, F)

"Pode haver momentos em que um abecedário nos parece poético.”

Frederico Lopoldo de Hardenberg dito Novalis in “Fragmentos” – Tradução de 
Mário Cesariny.



Fotografia de Jorge Fontes
(Fonte: DOP (Departamento de Oceanografia e Pescas)
Anthias anthias - Nome de peixe presente no mar dos Açores, também conhecido por folião ou canário do mar, bastante colorido por sinal. Habita nas águas atlânticas e, segundo os biólogos, avista-se a 20 metros de profundidade. É, pela sua constituição e porte, parente do mero e sustenta-se à noite comendo caranguejos e outros tantos peixes pequenos. Desconfia-se, assim, que, dado o seu perfil e coloração, deve ser bom para a festa rija.
BorguistaCultivador da borga, da boémia e da ramboia, isto é, da boa-vai-ela. Dado o carácter temporário da folia, é certo e sabido que ninguém aguenta muito tempo em modo borga. E, talvez por isso mesmo, não se deve recusar um bom mergulho na pândega.  
CabeçudosAndam sempre muito mais alto que toda a gente, portanto, caminham nas alturas a troçar das figuras políticas e outras personagens. Com o objetivo de tornar exagerado o movimento, fazem jus ao equilíbrio com o menear de andas e tremeliques.
DivertimentoÉ sinónimo daquilo que mais aparece associado à folia, já que é o estado mais elevado da diversão e, por isso, é marca comum de todos os foliões.
EuforiaÉ a condição que caracteriza a Folia, dependendo do “foliómetro” presente. Quem ainda não se sentiu como se tivesse tirado os pés do chão?
Folião–Nos Açores são também aqueles que cantam ao desafio durante as festas do Espírito Santo. A maioria dos “Foliões” tem, por vezes, a expressão facial demasiado séria, o que é contrária ao epíteto que possuem.

Ontem, escrito numa parede da cidade

-E que tal o Sporting? 
-Só vejo snooker...

embutido de Alberto Pimenta

numa sexta-feira treze ao meditar no
IRREMEDIÁVEL EMPOBRECIMENTO da poesia
caiu-me a alma aos pés. sábado cat
orze foi chamado o médico. o médico de
clarou que eu precisava de uma alma 
nova. o domingo não é dia de pôr almas
novas. na segunda dezasseis o médico
montou-me a alma nova. e declarou que
a partir de então eu deixava de me 
chamar Tibaldo como até então o que ve
io criar a grande incertidão da minha 
certidão que ainda hoje subsiste entre
os conservadores da minha identidade.