sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Lupinos de Seamus Heaney

 Ali estavam. E estavam com sentido. Só pelo facto de estarem.
Perfilados. Inacessíveis. Mas ali
Com certeza. Com certeza e inabaláveis.
Flores em dedos rosa de alvorada e azul meia-noite.

No início, um cacho de sementes, róseo e anil,
Peneirando leveza e ansiosa, ténue promessa:
Pináculos de lupino, erótica do porvir,
Pincel de bâton do azul e profundo ganho da terra.

Ó torreões de lápis de cor, vagens e caules que afunilam,
Aguentando firmes as nossas andanças de Verão,
E que mesmo quando empalidecem não vacilam.
E nada disto excedeu a nossa compreensão.

in "Luz Eléctrica", Tradução de Rui Carvalho Homem, Quasi Edições, 2003.

Sem comentários:

Enviar um comentário