domingo, 19 de janeiro de 2025

Queria de ti um país de bondade e de bruma



Queria de ti o mar de uma rosa de espuma.                         
  Mário Cesariny




Flanzine 
Poema Manifesto 
Obra Colectiva, 2018

sábado, 18 de janeiro de 2025

Bambino a Roma de Chico Buarque

         "Nas ruas de Roma não faltava quem dissesse que bom mesmo era o tempo de Mussolini, quando os trens não atrasavam um só minuto. Meus pais estavam longe de pensar assim, mas a notícia da greve dos ferroviários nos forçou a antecipar os planos de partida: em vez de tomarmos o trem nocturno para Gênova, um micro-ônibus nos levaria numa viagem bem mais demorada. Minha mãe no fim de contas até gostou, pois durante o dia teríamos belas paisagens da Úmbria e da Toscana para admirar."

in Companhia das Letras, 2024. 

Memória Descritiva de Rui Lage

O cansaço a dois passos,
na bica de água 

Fractura de folhas na invernia
das copas mais altas.

Recolhimento
à planície suspensa dos grilos.

Por entre a sesta dos remos
nos barcos de recreio.

No banco do jardim
espaço o bastante
para adormecer o coração.

in Berçário, Quasi Edições, 2024.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Recital de Piano de Diogo Bouça no TRG

Cartaz de Júlia Garcia 
    A semana inicial de 2025 começou em modo musical, sendo o recital de piano de  Diogo Bouça o pontapé de saída. Para quem já tinha assistido aos recitais anuais do Conservatório Musical de Ponta Delgada, é natural que possa não ter havido qualquer espanto, mas de qualquer forma os apreciadores de música foram amplamente surpreendidos pela presença em palco de Diogo Bouça, neste início do ano no Teatro Ribeirgrandense. Era, assim, a primeira semana de Janeiro e, o seu primeiro recital em modo próprio, com um reportório dos clássicos, com Ravel, Rachmaninoff, Hugo Wolf, Johann Sebastian Bach, W.A.Mozart, Camile Saint-Saens, não deixando de ser curioso que este tenha encerrado com um encore dedicado ao Estudo nº 6 de Philip Glass. Uma noite musical muito bonita (que belo tema aquele - "Carnival des Animaux" - com a presença da violinista, Matilde Rodrigues) e em que a conjugação de estudo, paixão e talento é, certamente, garantia e promessa de um futuro ainda maior.

sábado, 11 de janeiro de 2025

Era Duas Vezes o Barão Lamberto de Gianni Rodari

  Era Duas Vezes o Barão Lamberto é uma obra bem divertida do italiano Gianni Rodari. É uma narrativa cómica e alucinante sobre o Barão Lamberto que começa a história velho e acaba novo, num bailado permanente com as situações quotidianas,  num riso permanente de alusões à sua saúde física, sendo, certamente, um desassossego mental para quem gosta de brincar, isto é, jogar com as palavras e o seu significado. Gianni Rodari, natural de Omegna, a região do Piemonte, província do Verbano Cusio Ossola, foi, sobretudo, um escritor de literatura infantil, um amante da imaginação. E, por isso, nós leitores somos confrontados com o seu delírio criativo a "pipocar" e "a estalar-nos nas mãos". Bela hora em que a  em que a Kalandraka editou esta obra do autor italiano. Uma loucura, aliás, um devaneio demasiado louco e bom!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

89 Nuvens de Mark Strand

Flâneur Edições, 2024.
Tradução Jorge Sousa Braga
Desenhos de Avelino Sá

2.As palavras sobre nuvens são elas próprias nuvens. 
6. Uma nuvem é uma estação branca. 
21. As nuvens são pensamentos sem palavras.
28.As nuvens, ao pôr do sol, depois de se vestirem saem para a noite. 
39. Um colar de nuvens é um presente.precioso.
49. Quando uma nuvem toca numa vaca, nada acontece.
52. Uma nuvem onde cresce erva é um erro de nuvem. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Se Fosses Só Três Sílabas...

Flanzine 
(Dezembro de 2024)
Capa de Luís Silva 
 

2025: Adeus 2024!

         
      Regressar à rotina, à ilha, sem antes ter provado o fel dos atrasos aéreos, as longas e demoradas horas nos aeroportos. É, pois, normal que assim seja por alturas de dias invernais ou no momento de começo ou encerramento dos períodos festivos. Nada disso estraga ou corrompe a memória de um continente com dias de céu aberto e azulado, o frenesí e a azáfama das ruas e comércio, ainda que com noites muito friorentas. Pelo sul, aquando da passagem por Lisboa e Leiria, sente-se ambas as cidades acolhedoras e hospitaleiras como há muito não se via. Há também muitos imigrantes a conduzir autocarros, os restaurantes cheios de gente a falar diferentes línguas ou ainda a máxima surpresa pelo estado anómalo em que se encontra a estação de comboios de uma capital de distrito, refiro-me concretamente à cidade afamada pelo rio Lis. No norte, a mesma tenacidade e empenho nas tarefas, o encontro de tanta gente que não se cansa de agitar as águas, é o que acontece à Feira de edições Independentes no Centro de Estudo Anterianos promovida pela Associação Cabe Cave, na cidade de Vila do Conde.
         Entretanto, houve ainda tempo para assistir ao mais recente filme do mais conhecido cineasta espanhol da actualidade: Pedro Almodóvar. A película gira em torno de duas amigas que partilharam a mesma profissão na juventude enquanto jornalistas.Uma delas com o nome Martha (Tilda Swinton), o que  é sinónimo de proteção, isto é, de alguém que é dona de si própria e que luta para não sucumbir perante a adversidade. Há, pois, que terminar com a existência com a ajuda de um medicamento comprado no mercado negro. Pedro Almodóvar dá-nos a ver em "O Quarto do Lado" uma mulher guerreira,  destemida e, que perante a sentença de morte, socorreu-se da amizade para falar do que importa viver. Acompanha-a Ingrid (Julianne Moore), aqui no papel de escritora célebre e amiga cuidadora, com muito medo de morrer. Em contrponto, temos Damian, um activista climático que conta já com o fim do mundo para breve, mantendo o seu humor por instantes. Para além de tudo isso, o que não é pouco, uma bela e discreta banda sonora de Alberto Iglésias, mantendo os seus cenários habituais. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Provérbio

Trinta dias tem Novembro 
Abril, Junho e Setembro
De vinte e oito há só um
E os mais de trinta e um