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terça-feira, 26 de março de 2024

Gastão Cruz

    "Toda a escrita autobiográfica fosse uma solução, escrever memórias, dar conta daquilo que foi a sua experiência. Conheceu os grandes, de Antero a Eça. Mas quem se interessava por eles? O mundo caminhava para onde não sabia, e o que deixava para trás,  o país, sumia-se naquela longínqua pequenez que rapidamente se apagava ao percorrer a grande noite espanhola até ao amanhecer, já em França, para trocar de comboio, sem reparar que estava a ser visto por um Mário de Sá-Carneiro que iria contar ao seu amigo Pessoa que o grande poeta afinal era um unhas de fome, a contar tostões."

in Café Lenine, Edições Dom Quixote, 2022.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Muito Obrigado, Bruno da Ponte!

Há dias despedimo-nos de Bruno da Ponte, mais um amigo que vai fazer falta. O Bruno tinha formação em Economia mas foi na área cultural a que dedicou a maior parte do seu trabalho. Bruno da Ponte trabalhou assim toda a vida enquanto editor, tradutor, jornalista, e coordenador de tantas editoras – Minotauro, Teorema ou as Edições Salamandra. Comecei, primeiro, por vê-lo na Associação Cultural Abril em Maio, em Lisboa, à altura, rua da Verónica, onde lançou as sementes de muitas coisas bonitas, entre elas uma agenda repleta de manifestos, mas foi na sua terra natal (São Miguel) que falei com ele pela primeira vez numa rua de Ponta Delgada, acidentalmente. Foi com alegria que aceitou o convite para colaborar e escrever para o Boletim Cultural Fazendo, sediado na Ilha do Faial, do qual foi sempre um leitor e entusiasta. Ele que durante anos esteve ligado a 121 publicações relacionadas com os Açores através da colecção Garajau, e, como tão bem escreveu Onésimo Teotónio de Almeida, estabeleceu uma verdadeira ponte entre o arquipélago e o continente português. O Bruno da Ponte foi um verdadeiro amante das artes e das letras e, recordo, por isso, o quanto era delicioso e instigante ouvi-lo discorrer sobre qualquer assunto ou tema literário. Saudades! 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Da Malandragem

        "O tempo querido! o bom tempo! Foi das nossas discussões sobre a Arte que estes contos nasceram...A bella vida, a vida risonha e malandra, passada assim!...Lembra-se?"
Raul Brandão in Impressões e Paizagens, edição fac-símile, A Bela e o Monstro, 2013

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Vitor Silva Tavares


      Vitor Silva Tavares, editor da &etc, despediu-se hoje do mundo dos vivos, aos 78 anos. À semelhança do Hermínio Monteiro, olhei sempre para estes homens com um misto de admiração e desdém. Infelizmente, só troquei umas palavras com o segundo. Foram ambos editores e amigos dos escritores e dos livros, numa terra sem grande apetência ou hábitos de leitura. Para além disso, escrevia em português como poucos. Do Vitor Silva Tavares, ficarei com uma memória de um homem integro, livre e determinado quanto à sua forma de estar na vida e no mundo da edição. Transporto comigo uma frase que um dia este deu a uma entrevistadora: "Eu não quero mudar o mundo, mas também não quero que este mundo que eu não gosto me mude a mim." Os livros da sua editora eram feitos de forma personalizada, pequenos quadrados que se destacam em qualquer instante ou mesa de café. Só havia primeiras edições, eram todos numerados e ele próprio sabia onde estavam. Que luxo!