quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Dois Poemas Fevereiros

Se possuísse por instantes
o futuro todo pela frente
e lograsse escapar perplexo
pela copiosa chuva da manhã
talvez fosse provável abraçar
dez minutos mais tarde
a Primavera por cumprir
com robustas árvores e troncos em flor

Sem qualquer escusa
sairia em Fevereiro pela rua fora
com uma folha de hortelã ao ombro
directo à tigela da sopa
sabendo por entre dentes 
o quanto solitariamente escrevo
esse teu olhar
de intencionalidade pura.
(...)

Aproximar os ramos das árvores e escrever
sem querer saber de cheiros e de seiva
passear-se sobre ruas inexactas
lugares inócuos de ciência e clareira
o têmpero de líquidos no Inverno
expostas máscaras sem mistério
ao mágico espelho do tempo
enquanto as fábricas laboram sem cessar
e as pobres mães à espera de intervalo
em contínuo recreio, quase febril,
-que infância protelaremos em Fevereiro?

Quanto sangue escorre derretido
sobre vítimas indefesas da frieza
tal e qual caudais de gente revolta
somos transatlânticos sem destino
um manto de nuvens num abandono fugidio.

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