Janeiro, enquanto mês inicial de um novo ano,
promete sempre muito mais do que aquilo que cumpre e, talvez por isso, parece
demorar uma eternidade até cumprir as suas demandas e promessas. Por vezes,
traz com ele algumas surpresas, inquietudes e demais devaneios meteorológicos,
sendo assim incumbido de enxugar de forma irrepreensível os nossos cabides e existências.
Janeiro passou entretanto, despedindo-se de forma líquida e cordial, arriscando
novos desenvolvimentos no ano impar que ainda demorará a chegar, deixando
certamente um lastro de indescritível e húmida saudade. Venha, portanto, Fevereiro, esse
mês que nem damos por ele, de tão curto que é, e que quase nos deixamos
enternecer pelo seu particular nome volátil e diminutos dias. Como desafio, devia ser
possível esboçar um pequeno diário passado todo ele neste mês diminuído e, se
possível, explicitando a rapidez da sua passagem, o estado cronicamente frio da
sua temperatura, os dias curíssimos e a escassez da luz e de brilho. Um quase mês por completar. É por isso
tempo de procurar canções ou poemas que falem da alegria e melancolia de Fevereiro e é tempo agora de anunciar por aqui os versos
de “Caligrafia”, dedicados a este mês num outro calendário existencial: "Numa manhã de Fevereiro/Apaixonei-me pela tua caligrafia/Daí em diante
fiquei a saber/Este é o mês em que se sofre menos.”
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