Volto sempre ao Café Central, ao da Ribeira
Grande. As chávenas já não trazem a desenhada letra
Grande. As chávenas já não trazem a desenhada letra
Café Central
anunciam somente a marca do fornecedor, creio
que nunca bebi por uma dessas chávenas antigas. As cadeiras,
pesadas, no confronto da madeira e do aro de ferro que
lhes dá forma. (Passo os olhos pelo Açoriano Oriental, mais
manso nas suas invectivas.)
Na última prateleira da vitrine, altivas, as três últimas bandeiras
a banca, a azul e branca
em pleno coroadas, a republicana
(em desespero de cor, mas não é esse o mais
caminho português?)
têm por baixo, alinhados como se fossem soldadinhos de chumbo,
anunciam somente a marca do fornecedor, creio
que nunca bebi por uma dessas chávenas antigas. As cadeiras,
pesadas, no confronto da madeira e do aro de ferro que
lhes dá forma. (Passo os olhos pelo Açoriano Oriental, mais
manso nas suas invectivas.)
Na última prateleira da vitrine, altivas, as três últimas bandeiras
a banca, a azul e branca
em pleno coroadas, a republicana
(em desespero de cor, mas não é esse o mais
caminho português?)
têm por baixo, alinhados como se fossem soldadinhos de chumbo,
um pelotão de açucareiros em desuso.
Em fila, potes antigos de faiança
capazes de resistirem à pedra funda de pastor
e além do vidro grande da montra
as janelas, as portas do teatro
e a dona Zélia pergunta-me quantos dias vou ficar. Ficar, chegar,
partir. No jardim
os metrosíderos cobrem-se de pisado vermelho
flor de sangue, o sentido desses verbos
depois, a água em queda na ribeira
quando subo a rua do Barracão velho.
João Miguel Fernandes Jorge, in "Lagoeiros", Relógio D´Água, Novembro de 2011.
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