terça-feira, 21 de outubro de 2025

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A notícia irrompia como uma fenda numa estrutura. Estava estirado num cadeirão, à frente do computador e o nome da rua era jogo da bola. A urgência vinha do outro lado da linha, a diligência urgente pela aceitação do horário, ao mesmo tempo implicava a despedida rápida de pessoas e o desfazer de coisas para a prontidão da viagem. Lembro-me como se fosse hoje: a humidade altíssima, a escassez de ar, a diminuição de energia, a lassitude dos dias ainda estivais, o confronto com o mormaço, que transformava tudo em suor, em cansaço. A interrogação inicial girava em torno do tempo, a adaptação à vida insular, passando da estalagem para o hotel como se não houvesse mais nenhum lugar disponível. À memória salta, pois, a visão idílica da baía de Porto Pim, com mergulho e paragens certas no café Vinte. Eram os primeiros passos, as impressões essenciais do colosso do Pico, uma respiração desconhecida, original, fundamental. Não era a primeira vez, mas foi como se fosse. 

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