Carl Jung
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
quarta-feira, 11 de setembro de 2019
terça-feira, 10 de setembro de 2019
das palavras finais de um homem
"A primeira palavra dita em Citizen Kane, de Orson Wells, é também a última palavra de um protagonista que morre: «Rosebud». No ano seguinte - 1942 - sai Casablanca, tendo como protagonista Humphrey Bogart, que só morrerá na década seguinte, logo após afirmar:« Nunca devia ter trocado o Scotch pelo Martini.»
Nesse mesmo dia morre um velho escocês, um bêbado, cujas últimas palavras se dirigem à filha mais velha: «Passas tu pela lavandaria?»
Uma milionária muda o testamento, privando os netos de tudo, e deixa o seu vasto império ao gato Tobias. Nomeio o irmão como cuidador, a quem deixa alguns milhões. Deixa-se morrer em silêncio, regozijando com a imagem de assombro na cara dos netos quando descobrissem.
«O papel de parede ou eu!» Terá dito Oscar Wilde em 1900. Não muito longe morre uma octogenária junto ao marido desolado. Ela diz-lhe com doçura: «Estes sessenta e três anos de casamento vivia-os todos outra vez...», e morre de olhos abertos.
«Mais luz!», terá bradado Goethe em 1832.«Estou farto!», terá confessado Winston Churchil antes de cair num coma. «Tenho de ir, o nevoeiro adensa-se», terá sido o verso final de Emily Dickinson em 1886.«Preparem o figurino de cisne», as palavras que pontuaram a vida da bailarina Anna Pavlova, e «o Teodósio não é teu filho», as palavras que mudaram a vida do Adalberto.
«I Know not what tomorrow will bring» terá sido a última frase escrita por Fernando Pessoa, um antes da morte em 1935. O biógrafo João Gaspar Simões, no entanto, assegura que as palavras finais do poeta terão sido: «Dá-me os óculos.»
O som preferido por milhares e milhares de homens e mulheres nos instantes antes de partir terá sido um gemido. Muitos terão dito «Adeus», tantos quantos «Não quero morrer». Um número considerável pediu perdão, um número menor que cuidassem da sorte de um animal de estimação, e um número ainda menor agradeceu.
Um número considerável de mulheres e homens prestes a morrer confessam um segredo, um pecado, libertam-se de um peso que não querem ter de carregar. Muitos rezam, em todos os idiomas e todas as fés, a diferentes deuses. Alguns perguntam: «Porquê?»"
Joana Bértholo, in Ecologia, Editorial Caminho, 2019.
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
Da Respiração
"Continua-se a respirar. No fundo é respirar, respirar a sua respiração."
Lourdes Castro, entrevista de João Pacheco na Revista Expresso, 31 de Agosto de 2019.
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
Agosto: Celebração do Cinema Europeu
O
cinema europeu continua a obter a visibilidade e atenção necessárias junto das
sessões dos cineclubes, e são muitos os que insistem em manter uma programação
activa durante os meses de estio. O Cineclube Octopus, com lugar na Póvoa de
Varzim, mantém a sua actividade há trinta e seis anos de forma consecutiva, uma
vez por semana, junta os seus sócios e espectadores que dessa forma participam
nas sessões, encontrando-se este num momento de grande entusiasmo e aposta na diversidade e interesse pela sétima arte.
A
primeira sessão, a que tive oportunidade de assistir, deu-se com um filme
francês “Os Combatentes”, primeira obra do realizador Thomas Cailley, numa
sessão ao ar livre. O filme retrata a vida de um par de jovens, a luta pela chegada
à idade adulta, o questionar das convenções sociais, o problema da natureza
humana com as óbvias dificuldades de comunicação, sob o pano de fundo de uma
paixão entre o casal de protagonistas.
Seguiu-se depois “A Face”, de Malgorzata
Szumowska, uma narrativa que pretende retratar o momento actual da sociedade
polaca contemporânea, sobretudo o espaço onde esta se revela mais conservadora,
xenófoba e contraditória. O filme levanta questões profundas sobre a diferença
e aceitação, revelando desequilíbrios nas representações, mas com uma
vitalidade e ousadia sempre presentes. Depois,
houve o “momento Jarmusch”, com o
filme “Os Mortos Não Morrem”, um cineasta que parece viver um momento de
redefinição cinematográfica, já que parecia resolvido a comemorar a vida, pois
a longa metragem gira em torno de mortos que retomam à vida com as suas antigas
paixões, errando pela pequena cidade, sendo que a partir de determinado momento,
à semelhança dos navios sem rumo, somos invadidos pelo cansaço e excessos da
falta de originalidade, redimindo-se com a narração soberba da voz de Tom Waits.
Por outras razões e noutra sessão de Agosto, assistiu-se à longa-metragem
“Culpado”, de Gustav Möller, um triller
psicológico sobre um polícia suspenso, agora confinado a um departamento onde recebe
chamadas de emergência, lutando assim consigo próprio e a culpa de um crime, numa
narrativa que dá forte presença ao corpo e à inquietação deste, como se
estivesse encurralado e nós com ele. Por esse motivo, vemos a angustia do
personagem que não se sente nada bem no novo lugar que ocupa, espreitamos a fragilidade
humana, pressentimos ali o triz do precipício, numa descida aos infernos
travada pelo instante final da redenção. Tanto alarido sobre as fragilidades da
narrativa que já se ouve falar de remake em versão hollywoodesca. Curioso, não
é?
Fora
da actividade cineclubística, houve tempo também para ver o filme “Variações”
que já que é um sucesso enorme de bilheteira nacional, permanecendo há várias
semanas nas salas, batendo recordes de assistências. Trata-se de uma
biografia musical, sendo aqui o registo cinematográfico de importância documental,
ao mesmo tempo que comporta uma dimensão de sonho que agarra o espectador de
principio até ao fim, desperta ainda o ensejo necessário de qualquer jovem
nascido num lugar pequeno a partir e a conhecer outras realidades diferentes da
sua. “Variações” tem esse condão de apelar a não ficarmos circunscritos às
circunstâncias e aos limites, obriga-nos a olhar o exemplo de alguém que
arriscou sair, lutou pelos seus sonhos e anseios, lançou-se em horizontes alargados.
Venceu? O importante era atingir o seu sonho. E que belíssima interpretação de
Sérgio Praia na personagem de António Variações.
Assim,
aproveitou-se da melhor maneira o momento estival para ver diferentes
cinematografias oriundas do continente europeu que, ao contrário do que se
papagueia por aí, continua vivo e atinente no que toca à sétima arte.
segunda-feira, 26 de agosto de 2019
Açores: Atlântico Azul
No
“Inverno Quente” deste Agosto chegam boas notícias sobre objetos artísticos que
tem como tema central o mar e os pescadores. Raul Brandão, autor de “Os
Pescadores” e "As Ilhas Desconhecidas”, “pintou” como só ele soube o azul do
atlântico no seu bulício e transformação. O escritor, natural da foz do Douro,
narrou a vida dos homens do mar de norte a sul do país ao mesmo tempo que
descobria as ilhas atlânticas que, aos seus olhos, lhe eram desconhecidas.
Deste
modo, as obras atrás referidas de Raul Brandão serviram de mote e inspiração
para o documentário “Hálito Azul”, realizado por Rodrigo Areias com argumento
de Eduardo Brito, rodado junto da comunidade de pescadores da Ribeira Quente,
Ilha de São Miguel, com estreia marcada nos Açores no dia 20 de Setembro, pelas
21h00, na Igreja daquela freguesia. Recorde-se que o filme teve uma primeira
exibição no Festival de Locarno, na Suíça, tendo sido a sua primeira
apresentação pública na edição do festival Porto/Post/Doc em Novembro último,
seguindo-se vária exibições em concurso dos mais diversos festivais, onde
obteve aí dois curiosos prémios: Prémio Especial do Júri (Ismaília Film Festival, no Egipto) e o Prémio Melhor Documentário (Pristina
Film Festival, no Kosovo).
Atente-se,
assim, a outro projecto relacionado com mar, as ilhas e os pescadores,
denominado de “Atlântico”, pertença do artista multimédia, Helder Luís,
actualmente em residência artística na cidade de Póvoa de Varzim. O resultado deste labor documental surge no
seguimento da instalação MAR que esteve em Serralves e que dará lugar à publicação de vários livros e demais exposições. Actualmente encontra-se em exibição "Atlântico", numa das salas do museu municipal, um conjunto de fotografias e vídeo que documentam uma viagem começou na
Póvoa de Varzim e terminou em Ponta Delgada, tendo depois existido uma outra saída
para a pesca. Helder Luís acompanhou a tripulação da embarcação açoriana “Íris
do Mar”, documentando a actividade piscatória nos seus gestos, vivência e modos, servindo-se
da fotografia, do vídeo e ainda da música. Desta feita, “Atlântico” evidencia uma
vontade de dar a conhecer as artes de pesca praticadas no arquipélago,
registando a energia e a vitalidade da força de trabalho de um grupo de
pescadores, curiosamente oriundos de diferentes comunidades e nacionalidades,
reflexo de um mundo laboral em transformação.
Celebre-se,
pois, quase um século depois da publicação destas duas obras de Raul Brandão, o empenho e esforço dos criativos portugueses em colocar a centelha piscatória e
do mar na ordem do dia, atribuindo o destaque e atenção mais do que merecidas.
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
Resposta Urgente de Janeiro Alves com a Humidade nos 90%
Lisboa, Octogésimo Primeiro dia a contar do Treze de
Maio
Caro Doutor Mara,
Enceto esta carta com um veemente
pedido de desculpas pela minha prolongada ausência, desejando que a mesma o
encontre de boa saúde e dentro dos percentis estipulados pela ciência moderna.
De facto, ao se aventurar a redigir bojardas sobre a minha pessoa, o Doutor
Mara tem em parte razão, perdendo-a logo de seguida. Fui efectivamente
alcançado pela máquina demolidora da turistificação. Fui expulso do meu
apartamento em Campo de Ourique, e acabei numa sub-cave desagradável e
residual, onde mal tenho espaço para a minha colecção de insectos embalsamados.
Compreendo também o seu ímpeto provocador ao se referir a uma tal barbearia (que
é apenas uma fantasia da sua cabeça e dos seus amigos intelectuais de trazer
por casa), e começo a pensar que o Doutor Mara sente inveja desta barba bem
lavrada, pois é conhecido o seu desejo de vir a ser aceite pela nossa Confraria
dos Barbudos só para poder usufruir das excursões que organizamos às melhores
casas de pasto nacionais. Relativamente a este assunto, deixe que lhe diga que
a fotografia que há uns dias enviou juntamente com a ficha de inscrição de
sócio, onde envergava nitidamente uma barba postiça foi no mínimo
constrangedor. Quando os meus camaradas me perguntaram se o conhecia, afirmei
“O nome dele não me é estranho…”, mas o Deodato que é cego sentiu a minha voz
um pouco trémula. Este episódio não belisca em nada a nossa já longa amizade,
apesar de não poder dizer com segurança que esta frase seja de uma
autenticidade imaculada.
Posto isto, gostaria de lhe dar uma
vaga noção dos meus tempos recentes, mas nada de relevante me ocorre. Os dias
seguem o seu curso, as árvores preparam-se para caducar, as gentes movem-se em
vagas que se precipitam sobre os areais, e os pombos assumem-se cada vez mais
como espécie reinante, olhando sobranceiros e circunspectos os transeuntes
foto-génios entediados pelo turismo. Recentemente arranjei trabalho numa
biblioteca, e a minha função é limpar o pó dos livros. Tiro um livro, limpo o
pó, meto no lugar. Tiro outro livro, limpo o pó, e meto no lugar. E assim
sucessivamente. Tenho lido excelentes capas e contracapas. Já as lombadas
dispenso, uma vez que me obriga a flectir o pescoço, e o Doutor Mara sabe em
que estado fiquei quando me precipitei para salvar o Bobi de ser atropelado.
Aproveito para lhe comunicar que o cão morreu engasgado na semana passada.
Acabo esta breve carta com uma nota
de encorajamento e motivação, e uma outra de prudência. Sei que está motivado
com o seu mergulho às profundezas do oceano, e que se de lá conseguir sair terá
um ou outro episódio curioso para partilhar. Digo-lhe que tenho a profunda
convicção que dado o seu considerável peso em quilogramas, rapidamente
alcançará o fundo. A nota de prudência prende-se com os Alarvistas. O Doutor
Mara afaste-se dessa gente, se não quer ficar como eles. Se ao invés quiser
ficar como eles, não se afaste. Nesse caso aproxime-se, ou mantenha-se apenas
por perto, caso a aproximação já esteja no limiar da “distância pessoal” tal
como definida pelo Grande Livro da Ergonomia.
Duma
sub-cave Lisboeta, despeço-me com uma Vénia de Milo desnuda.
Janeiro Alves
Missiva para Janeiro Alves no Mês dos Grilos
Ponta Delgada, quadragésimo segundo dia após o
início do Estio Açoriano.
Caro amigo Janeiro Alves,
Escrevo-lhe
esta missiva com alguma urgência dado que daqui a instantes tenho que fazer as
malas de viagem e ainda aconchegar o estômago com um repasto no Baptista, uma
casa de pasto à moda antiga que descobri a semana passada a oito quilómetros do
lugar onde durmo. Foi no Batista que provei as melhores asinhas de frango, com
muito molho e vinagre, mas, confesso-lhe, o mais importante foi o convívio com
outros elementos do Movimento Alarvista. Os Alarvistas são, de facto,
imprevisíveis e originalmente fecundos. Imagine só, que um dos seus mais
reputados e afamados elementos do Alarvismo, um tal de Alberto Ai, replicou que
apesar do seu nome, nunca ninguém o viu desesperado.
Aproveito,
assim, para desejar-lhe um Agosto incrível, que seja um oitavo mês repleto de
peixe graúdo e fresco, sobretudo bem lá do fundo, com vinho branco das castas
Arinto ou Malvasia, sem esquecer a sobremesa de melancias bem rubras e
adocicadas. Felizmente, para mim, Agosto é altura de muito trabalho. Este é o
mês onde, por norma, labuto 24 sobre 24, já que me espera um batíscafo onde
conto fazer um mergulho às fossas marianas. Imagine que fui convidado para
visitar as respectivas fossas (há quem jure a pés juntos serem estas minha
propriedade) e assim concretizar um mergulho de 11 mil metros de profundidade.
Ainda hoje partirei para as Filipinas onde farei os aprestos iniciais após uma
década de preparação. O amigo Janeiro Alves poderá constatar que quase não
terei muito tempo para respirar (mesmo que eu quisesse lá no fundo, não poderia,
já que tenho que suster o pouco ar em disputa). O mergulho é apenas de quatro
horas dentro das fossas, no entanto serão precisas muitas horas de treino para
ser o quarto a bater mais este recorde.
E, caro amigo
Janeiro, como decorre o Estio? Dentro de uma normalidade esperada ou a
debandada geral para o litoral? Nada sei de si de viva voz…mas soube através
de uma amiga longa data, que espero não seja das más línguas, que também foi interceptado
nas malhas da turistificação ao criar mais um empreendimento dedicado ao
alojamento local, em pleno centro histórico da capital. Corre por aqui a
notícia que o meu amigo transformou as águas furtadas onde residia numa
barbearia tipo gourmet onde vende experiências e sonhos a jovens famosos de
todo o planeta que queiram dormir numa cadeira de barbeiro e acordar duas horas
mais tarde com a barba feita e o cabelo cortado. Curioso é o nome do empreendimento/barbearia
- “AL/FAMA”…caso para dizer que quem fama cria deita-se na barbearia.
Despeço-me,
esperando que Agosto seja fresco e acutilante.
Com
estima e descomunal admiração
Doutor Mara
segunda-feira, 29 de julho de 2019
FALTA #2: Há Folia no Ar?
Depois da apresentação da
FALTA#2, com direito a um memorável concerto de Joana Gama e Jacinto Neves na
Igreja do Colégio, pronunciemo-nos, entretanto, sobre o conteúdo que vos chegou
às mãos. É possível que quem ainda não adquiriu a FALTA#2 tenha que dar corda
ao sapato para ver se ainda é possível pôr a vista em cima e, assim, poder
foliar à sua vontade.
Desta
feita, o número dois da FALTA/Folia tem uma diversidade de colaboradores que quis
conferir uma abordagem estimulante e vibrante ao tópico proposto. Há, por isso, oposição conceptual, inclusive, probidade vocabular e até mesmo contraditório à folia
reinante de enfiar a cabeça num balde, isto é, estamos na presença de múltiplas perspectivas e derivas
etimológicas da palavra face a distintos registos idiomáticos. Nestas páginas
da FALTA há, portanto, de tudo e para todos os gostos. O grafismo e paginação,
pertença de Júlia Garcia, resultam sempre numa novidade, apresentando, por
isso, uma colorida unidade formal, pontuando o diálogo das páginas de acordo
com o conteúdo formal proposto. O desenho final arrisca, não só do ponto de vista
cromático, já que promove a junção de diferentes disciplinas artísticas,
afinando assim o tom e o contraste, mantendo a junção e a coerência entre as
múltiplas vozes ali expressas. E nessa derivação gráfica bem foliona,
destacam-se os poemas de Judite Fernandes, Marco Evo, Rui Anselmo, Felix
Blanco, Pedro de Mendonza, Mayank Maheshwari, ainda a prosa esdrúxula de João Pedro Porto, o desfile erótico-marxista do Colectivo do Homem do Saco, o
apelo à sensualidade de Alberto Ai, as desovas comediantes de Igor Boyer, a auto-ironia de Greg La Lays ou o delírio galináceo-fóbico de Vítor Bernardo Almeida. Na fotografia, as sugestões
festivas de cariz insular das perspetivas de Guilherme Figueiredo e Pepe Brix, o ioga matinal na Índia por Briana Blasko ou a imagem crítica e atenta sobre a cidade de Jorge Kol de Carvalho. Nas letras, a curiosa narrativa marítima-epopeica à volta da família do escritor-velejador, Knud Andersen, através da pena de Elísio
Marques, pautada pela belíssima estampa de André Chiote. Ainda sobre a imagem ilustrada, acrescente-se a bd pessoana de Edgar Pêra, o fandango
urbano-skateano de Nuno Lemos, o empreendimento bibliográfico
de Luís Brum ou mesmo a plasticidade pueril de João Miguel Ramos. Nesta edição, houve também lugar para diferentes abordagens
na colagem, desta vez com dois dos seus maiores cultores a nível local – Mr.
Wolf e a artista plástica, Paula Mota. Por
último, uma referência ao espírito filosófico com um texto cavo e incisivo de Vítor
Bilhete sobre a existência de folia neste pedaço a meio do atlântico, intitulado “Filhos de Pangeia”, para lá da insanidade das páginas centrais em modo operante através de um Interrogatório a Felício Chanfra, psicoterapeuta de ocasião. Que tolice, dirão vocês!
PS
- Uma coincidência sem precedentes, invulgar e deliciosa, o que torna a
publicação ainda mais apelativa, foi saber que três criadores presentes nesta
edição venceram três prémios relevantes recentemente – Vítor Bernardo Almeida,
com o Prémio de Pintura António Dacosta, Açores 2018, José Loureiro, Prémio
AICA (relativo à Associação Internacional de Críticos de Arte, Ministério da
Cultura e Millennium bcp) e André Chiote, com o Prémio Asiago 2018, pelo selo dos CTT, "Europa, 2018", dedicado às pontes de Portugal Continental, Açores e Madeira. Os respetivos parabéns aos premiados e votos de um itinerário
artístico repleto de êxitos.
Uma biografia de Mário Cesariny
"Aceder aos bastidores de um poeta é como visitar as caves dum grande museu. Arrumadas a um canto estão lá algumas tábuas esquecidas que as paredes já não comportam. Em ocasiões especiais vêem a luz do dia e nós então olhamo-las como tesouros que emprestam novo sentido ao que as rodeia. Assim a bagagem secreta dum poeta recompõe as suas letras e põe um raio de luz no que antes era só escuridão. Temos a sorte de possuir a chave que nos permite abrir a porta da antecâmara onde o jovem Mário guardou parte dos seus segredos. Há alturas em que não bastam os poemas dum poeta; é preciso conhecer o que se lhe associou, as leituras que fez, as notas que tomou, as reflexões que cogitou, os autores que correu e que amou, e até as ruas por onde andou e divagou para se perceber como se deu a sua evolução e se processou a génese da sua idade madura."
António Cândido Franco, in "O Triângulo Mágico - Uma biografia de Mário Cesariny", edições Quetzal, 2019.
sábado, 27 de julho de 2019
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