quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Dois Poemas de João Paulo Esteves da Silva

A tocar piano
aprende-se a deixar o paraíso

Pelo artificio de uma boa marca
e 88 pôr-de-sóis ao alcance dos dedos
faz-se caminho da pedra que cai,
o caminho do homem que cai


na geração imensa do outono.

Rompe-se a noite, explodem sóis
a cada nota martelada
mostra a pessoa original
(aliás duas pessoas e ambas primeiras)
deglutindo-se em queda
no inferno ao longe do jardim de aqui

Tesouros imaturos,
corpos  devorados
que se adivinham por morrer o som de cada nota,
levam lágrimas e letras
à escola dos milagres
onde se ensinam maravilhas simples
(tão simples que o pianista quase enlouquece)

...

(de rascunho para uma carta)
Talvez um dia as armas voltem a ser beijos
talvez que as ilhas digam sim ao mar
e sem se transformarem logo em peixes
digam o porque sim de dizer não…
talvez…as ondas voltem a ser mansas
e a maior vaga azul da tempestade
nos leve em caravelas para a lua
finalmente subindo e não de rastos.

Sem comentários:

Enviar um comentário