Um sítio
onde o mar corre prós rios
onde a luz que há de dia
é de noite que alumia
onde o mar corre prós rios
onde a luz que há de dia
é de noite que alumia
e o verão é a estação dos frios
Um sitio
Onde as coisas que há de pé
Estão sentadas
E onde o vento ao soprar
deixa as coisas mais paradas
Onde as coisas que há de pé
Estão sentadas
E onde o vento ao soprar
deixa as coisas mais paradas
Um sítio branco
um sítio tal que o deserto aqui
é floresta tropical
e o lume é gelo
e a montanha vale
um sítio tal que o deserto aqui
é floresta tropical
e o lume é gelo
e a montanha vale
Um sítio roxo
um sítio que é o inverso dos lugares
aqui o são é coxo
e o cego rasga os mares
Inventar um sítio assim:
fazê-lo de tão sábios traços
que ao supores fugir de mim
me venhas cair nos braços.
João Habitualmente, in Poemas em Peças - Quase Dito, Fevereiro de 2014.
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