segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

"A Débil" de Cesário Verde

Eu, que sou feio, sólido e leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal

Sentados à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorreste um miserável
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir à garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável. 

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