Ilustração de Mário Roberto |
Fundada em 1947, a Tipografia Micaelense faz parte desse património vivo
que urge ser recuperado e novamente valorizado, sendo actualmente pertença de
alguém que, com cuidado, orgulho e dedicação, tem sabido que este é de novo o
tempo de misturar e voltar a dar: Dinis Botelho. É, sobretudo, ele, um homem
que trabalha há muitos anos em tipografias, quem conta como agarrou em mãos
esta antiga casa, em estado de pausa e desuso, e com a sua direcção e labor,
irá completar este ano duas décadas de funcionamento contínuo e abertura ao
público. A seu lado, está o seu companheiro de ofício de longa data - Eduardo
Furtado. Dinis Botelho conta também que os primeiros dez anos não foram fáceis,
já que serviram essencialmente para pagar o investimento e manutenção, sendo um
período de muito empenho e esforço, algo que pertence a muitos dias e noites de
entrega às canseiras e dificuldades. Hoje, a Tipografia Micaelense funciona
apenas em offset, ainda que esteja por ali uma Heidelberg muito antiga e demais
máquinas de outros tempos, e foi dessas subtilezas relacionadas com as artes
gráficas do passado, que saíram recentemente a capa do livro “Os Caminhos do
Chá”, um extraordinário catálogo de divulgação da exposição organizada pelo
Museu Machado de Castro, ainda em exibição, a bonita "Agenda Luz de 2016", trabalho realizado na íntegra
no espaço da Tipografia por um grupo alargado de pessoas, com Júlia Garcia à
cabeça, recorrendo também ao offset,
mantendo técnicas de impressão antigas na capa e nas artes finais.
Curiosamente, na última sexta-feira, assistimos ao lançamento de “Haikus de
Passage”, da francesa, Elga Martin, que nos ajudou também a compreender e
confirmar o que já todos sabíamos: a Tipografia Micaelense está viva, vivinha
e, por sinal, bem “requinha”!
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