Maio é o mês mais belo, ultrapassando assim em
beleza os restantes meses do ano inteiro. Quatro letras apenas compõe o nome
deste mês que consolida uma Primavera há muito ansiada. Espantados ficamos com
a subida da temperatura e o abandono da roupa que passamos a deixar nos
armários. Adeus casacos e gorros nessa partida e um até pró ano. Eis que somos
surpreendidos com tamanha fecundidade da natureza em redor, o irromper das flores
em abundância, o despontar dos frutos e o irradiar da luz. Alegres ficamos na
presença dos dias que permanecem maiores, dilatando o tempo ao sabor das horas, proporcionando crepúsculos inolvidáveis.
Agora que Abril parte e nos lega esta enorme
promessa, abrimo-nos aos sentidos e à luz, espevitamos os aromas e odores, o
gosto refina-se e aproveitamos por tactear a vida que pulsa, o desabrochar dos
tecidos. O final de Abril já antevia em demasia a comparência dos cravos,
anunciando também crisântemos, orquídeas, gladíolos e rosas, tal é a abundância,
a fartura, e a riqueza floral. E depois
deliciamo-nos com os frutos da época, procurando no mercado maçãs, ameixas,
laranjas, ou o quintal de amigos para saborear as nêsperas, esse fruto que
rebenta em polpa nos lábios e devolve o sabor desta primavera reiterada.
Só em Maio é que poderia existir um dia dedicado ao
prazer do silêncio.
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