(…)“Encontramo-nos perante cidades onde o consumo é
o motor principal das acções urbanísticas. A consequência é a proliferação de
espaços de segregação cultural e económica, que afastam a população da
realidade urbana, e fazem com que as cidades se pareçam umas com as outras. Os
processos de gentrificação e turistiificação são alguns dos motores desta
segregação.
O aumento do turismo provoca grandes expectativas
em termos de desenvolvimento económico, mas coloca também a questão dos
recursos a afectar à conservação e revitalização dos centros históricos. Na
maioria dos casos, as cidades, por causa da pressão exercida pela indústria
turística, transformam-se em imagens estereotipadas, ou têm de se adequar ao
mercado internacional.
Ao mesmo tempo, os processos de gentrificação e
turistificação provocam o deslocamento mais ou menos voluntário das populações
locais, colocando em causa o direito à cidade.
A visão teórica da reabilitação na óptica da
valorização do património para todos, salvaguarda a diversidade cultural e de
um desenvolvimento sustentável permanece na agenda do dia. Porém, as dinâmicas
económicas e as transformações urbanas daí resultantes têm vindo a comprometer
a coesão socioeconómica e territorial.
Fabiana Pave in “Gentrificação e
Turistificação: o Caso do Bairro Alto em Lisboa”; Le Monde Diplomatique, Abril de
2016.
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