quarta-feira, 29 de junho de 2016

Sala de Embarque: Anzóis e leitura de texto

Fotografia Carlos Olyveira
Eis-me novamente em Santa Clara, freguesia de Ponta Delgada, com 2971 habitantes, segundo os censos de 2011. O dia por aqui nasceu com  humidade elevada e o “capacete” esteve instalado até ao princípio da tarde. No grande armazém onde está a Galeria Arco 8, deparo-me com pescadores das Caxinas, homens do mar que há muitos anos procuraram nas ilhas sorte e aventura nas artes da pesca. Estou perante verdadeiros caxineiros e outros caboverdianos a preparar os anzóis para a pesca à linha, esmerando-se enquanto trabalhadores manuais atando os nós, esticando as linhas e seda para as gamelas. Alguns deles trabalham na maior embarcação que se encontra no porto desta cidade insular.
Passemos, portanto, ao terceiro ensaio deste texto teatral intitulado “Sala de Embarque”. Uma ideia que foi sendo pensada e escrita com vontade de dar voz aos meus contemporâneos, gente que vive hoje nas ilhas e continente. Gente de carne e osso, que possui olhar atento e não desarma, pessoas que vivem hoje aqui connosco, que partilham as ruas e as praças, as lojas dos hipermercados ou do centro de emprego, os sonhos e angustias de um tempo de crise que não quer descolar. Uma sala de embarque, portanto, onde todos se encontram e desencontram, há aqueles que pretendem partir, levantar voo e navegar ou então apenas uma viagem feita de nuvens e memórias. Este foi mais um ensaio para partilhamos novamente impressões sobre as inflexões e ritmo do texto, a leitura permanente e descoberta das suas possibilidades, no fundo, um processo de aprendizagem colectivo.

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