quarta-feira, 6 de julho de 2016

Da Suécia

Após conclusão de visionamento desta película de origem sueca permanecerá para sempre uma pergunta: o que pensaria Ingmar Bergman sobre esta narrativa tradicionalmente nórdica? É que Força Maior, filme de Ruben Ostlund, parte de uma ideia muito concreta sobre o desenrolar de uma situação familiar próxima do caos, uma ruptura em efervescência, daí as semelhanças com o bergmaniano “Cenas da Vida Conjugal”, realizado em 1974. Neste curioso e recente “Força Maior”, assistimos de forma lenta às ruinas das fundações da estrutura de um casal, já que é toda uma montanha que desaba, metáfora da própria relação conjugal, que parece desagregar-se, quase se desintegra totalmente, e será preciso força para a sua recomposição, nem que para que isso aconteça seja necessário uma catarse  conjunta dos seus próprios elementos. 
O filme desenrola-se e vai "derretendo o gelo" pelos seus vários capítulos, desenvolvendo o seu relato enquanto conjunto de episódios e cenas dos dias passados na estancia de esqui. A avalanche ocorrida no segundo dia junto do hotel dá o mote para o que virá a seguir, o que nos permite constatar um sentimento de desastre eminente. A beleza da fotografia do filme e a precisão dos seus planos têm o condão de nos prender até bem perto de um final, curiosamente,  menos conseguido. A música tem também um complemento de força que advém do frio emocional latente na paisagem, transposta agora para o interior do casal e essa incapacidade em transmitirmos emoções e colocarmo-nos no lugar do outro. Para quem desconhecia o novo cinema sueco, este é certamente um bom pronúncio para repormos a atenção que merece.

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