Em memória da minha avó Guida
Vejo-os demorarem-se no último cais.
Uma insondável claridade repousa entre as mãos dos que partem.
Morrer é uma corda tensa de silêncios,
um hálito frio no lábio dos amantes.
um hálito frio no lábio dos amantes.
Vejo-os embarcarem ao anoitecer
Um súbito vento lhes seca as lágrimas,
A transparência dos vultos breves no convés,
o pêndulo do inexorável, os lenços do adeus,
a espada de fogo do último beijo.
Falam mas já as palavras apodrecem entre os lábios.
Aguardam na luz derradeira a primeira estrela
e depois partem para a ilha do esquecimento.
Gaivotas intensas sobrevoam o cais deserto.
in A Mar Arte Revista, Inverno/Primavera, 1998.
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