sábado, 28 de outubro de 2023

Hoje, às 18h30, no Arquipélago

Fotograma de "Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção
de Amor para o Areal"
, 2023, 8´m.
inserido no FUSO Insular 2023

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Pano Para Mangas (V)

Tânia  Neves dos Santos 
 

Da Arquitectura

       "Permitam-me: vale a pena olhar este edifício, descobrir partes por descobrir, porque cada olhar é uma outra lupa...vale a pena pensar o que dele emana da actualidade do desenho e tantas outras reflexões...E vale a pena o dono da obra promover a acção da recuperação original de todo o imóvel, em particular dos seus espaços interiores." 

Albino Pinho in Roteiro de Arquitetura dos Açores, Açoriano Oriental, 25 de Outubro de 2023.

domingo, 22 de outubro de 2023

Da Escola Pública

           "Os direitos democráticos não são permanentes e a memória não é só uma coisa do passado: recordar o que aconteceu para evitar danos futuros" avisa o dramaturgo. Os professores eram, talvez, e como os poetas, os grandes representantes da Segunda República: queriam transformar o país um aluno de cada vez. Com isso, encontraram muita resistência", continua. Esta peça, diz, realça o importante trabalho dos professores (do passado e do presente) e é também, como Conejero, já dissera ao El País, uma homenagem à escola pública, lugar capaz de "romper as classes sociais". "Venho de uma família muito humilde. Se hoje dou esta entrevista e fui capaz de ser autor e fazer teatro, é porque tive a sorte de ter professores na escola pública que me permitiram aprender, sonhar, imaginar outros futuros."
     
         Entrevista a Alberto Conejero a Daniel Dias, Jornal Público, Ípsilon, 13 de Outubro de 2023.

Muito obrigado, Carla Bley!

Carla Bley
 (11-05-1936 - 17-10-2023)

Fotografia Margarida Quinteiro 

 

sábado, 21 de outubro de 2023

Um Poema Visual para o Areal

       
Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal
Fotografia de Gabriela Oliveira
       A ideia surgiu na edição do FUSO Insular do ano passado após a Gabriela Oliveira me ter convidado para narrar o  seu pequeno filme "Itinerário". Surgiu, assim, deste modo a vontade de pensar numa ideia que fosse possível materializá-la no laboratório de imagens da edição do Fuso Insular deste ano. Ao mesmo tempo acreditar nesta escola estival, destinada à aprendizagem marcada pelo experimentalismo, aberta à liberdade criativa e ao conhecimento teórico do mundo das imagens, e que desta feita reactivasse um contacto ainda mais profundo com as imagens em movimento. 
        Esta ideia de criar um filme, a partir de imagens e dos sons, era já muito antiga,  e foi isso que levou ao projecto inicialmente apresentado que trazia já dentro de si este "Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal". O cinema é um trabalho coletivo e foi isso mesmo o que se veio a passar. Este pequeno filme materializa uma ideia em oito minutos, juntando as imagens captadas pela câmera da Gabriela Oliveira, a música de Filipe Furtado e a montagem de Elliot Sheedy, para além das sessões de apresentação no Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas. 
          E, perguntam: qual é o leit-motiv deste documentário de cariz poético-musical? Trata-se, sobretudo, de fixar um momento, neste caso particular uma vivência, um tributo/homenagem a um lugar de pertença que se encontra em mudança: o Areal de Santa Bárbara. Durante os meses de verão socorri-me da paciência e da boa vontade da Gabriela Oliveira e fomos à procura desse movimento inusitado no Areal. Intuímos, portanto, o imprevisto e o improviso na Cervejaria do senhor Manuel Furtado, estabelecemos as coordenadas e ligação ao músico açoriano, Filipe Furtado, imersos naquela festa domingueira do Espírito Santo, na Ribeira Seca. É, para nós, uma alegria podermos contar com a banda sonora deste músico açoriano, numa aventura sonora deambulante, poética e memorial, mantendo-se fiel ao seu registo bossajazístico, e que ao piano, por vezes, lembra o músico sueco Jan Johansson. O resultado final é um documento fílmico em torno do Areal e das memórias de quem se dispõe a narrar.
           Por último e, com a devida vénia ao trabalho de montagem, aqui realizado pelo músico e cineasta norte-americano, Elliot Sheedy. Ele que desenvolve trabalho continuado e permanente num universo de cariz alternativo, crítico mordaz da sociedade contemporânea, prestes a estrear a sua primeira longa metragem. Neste nosso pequeno filme, alcandoramos algumas fragilidades no trabalho e conhecimento de Elliot Sheedy, pois foi ele quem juntou as peças  e articulou os sons e as imagens, com o devido guião de orientação, evidentemente.
         Por essa razão, enquanto parte interessada e interveniente neste processo criativo, deu para entender que  "Três Haikais, um Peixe Surfista e uma Canção de Amor para o Areal" é o resultado dum esforço colectivo marcado pelo  ímpeto e paixão pelo mundo das imagens em movimento, a dita sétima arte. Que todos e todas ocorram ao Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, no dia 28, às 18h30, à blackbox e que possam assistir à estreia deste e dos outros filmes, realizados durante o laboratório de imagens do Fuso Insular de 2023.

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Brisa de Joaquim Castro Caldas

Já não faço amor
só amo
só o amor une grande
a independência
à liberdade
 
não ler é como ter
vergonha de perguntar
- amas-me?

não há uma razão do sémen
para os poetas se repetirem
os homens não os ouvirem
não ler é como ir ver o mar
e não olhar para o mar.
 
in "Só Cá Vim Ver o Sol", Quasi Edições, Março de 2004.

domingo, 15 de outubro de 2023

Verso de Leonard Cohen

 You must learn what makes me kind

Ilustração de Luís Miguel Castro (III)

in cântico dos cânticos
Apresentação de Augustina Bessa-Luís
Três Sinais Editores, 2001





Da Escola

        "Na sociedade em que vivemos, a escola é o único espaço onde há possibilidades de humanização, de lutar contra a intolerância e de, como diz o Gonçalo M. Tavares, de nos educar para a gentileza."

Eusébio André Machado, in Jornal de Letras, Outubro de 2023.

1497 e Outras Peças de Teatro de Claudio Hochman

Araucária Edições, 2023

 

sábado, 7 de outubro de 2023

Da vida

 A vida é curta e o dinheiro também.
                                                                                                                 Bertolt Brecht

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Sombra

Cai a tarde e tudo se esconde
Adeus ao dia, à sua curvatura,
A capa da alegria 

Lupinos de Seamus Heaney

 Ali estavam. E estavam com sentido. Só pelo facto de estarem.
Perfilados. Inacessíveis. Mas ali
Com certeza. Com certeza e inabaláveis.
Flores em dedos rosa de alvorada e azul meia-noite.

No início, um cacho de sementes, róseo e anil,
Peneirando leveza e ansiosa, ténue promessa:
Pináculos de lupino, erótica do porvir,
Pincel de bâton do azul e profundo ganho da terra.

Ó torreões de lápis de cor, vagens e caules que afunilam,
Aguentando firmes as nossas andanças de Verão,
E que mesmo quando empalidecem não vacilam.
E nada disto excedeu a nossa compreensão.

in "Luz Eléctrica", Tradução de Rui Carvalho Homem, Quasi Edições, 2003.

Ilustração de Luís Miguel Castro (I)

in cântico dos cânticos, apresentação
Augustina Bessa-Luís, Três Sinais Editores, 2001

Mulher I de Victor Bernardo Almeida

Obra presente na Exposição: "No Feminino" 
CMC, 2022.
 , 

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

O mês de Outubro na Yuzzin

           A Yuzzin deste mês de Outubro aposta uma vez mais numa capa onde sobressaem as cores preta e branca,  muito provavelmente a tentar ajustar-se com a mudança de estação e da hora que se avizinha. É certo que estamos ainda com muita humidade no ar e com alguns dias solarengos a lembrar o verão. Portanto, há ainda muito para aproveitar nestes dias quentes e abafados antes da chegada  de mais um Inverno longo e líquido, à semelhança dos anos anteriores. Nesta edição da Yuzzin temos muita informação da atividade cultural insular, sendo este um belíssimo serviço público que a Associação Silêncio Sonoro presta à comunidade micaelense. É da política da agenda ir descobrindo mensalmente vários artistas e criadores, desta vez foi a artista Sara Massa,  uma artista plástica micaelense, e o Atelier Mezzo,  colectivo de arquitectos, há já algum tempo no terreno. A oferta musical é vasta e variada, basta por isso constatar que este mês há (dia 14, blackbox do CAC - Arquipélago), o concerto de Filipe Furtado Trio. Ainda no que concerne à música, o Ateneu Comercial (dia 21, às 21h30), oferece-nos um concerto com o argentino Santiago Córdoba. Este é também o mês do Fuso Insular, uma mostra anual de videoarte, regressar em força a Ponta Delgada e à Ribeira Grande no final de Outubro. A programação deste festival gira em torno da Igreja do Colégio e a blackbox do Centro de Artes Contemporâneas - Arquipélago, numa programação marcada pelo experimentalismo, a liberdade criativa e a aprendizagem teórica do mundo das imagens. A conhecer para quem ainda não conhece.

Uma frase de Bertolt Brecht

 A ciência conhece apenas um mandamento - contribuir para a ciência.

O Pianista do Triângulo

Francisco Lacerda 
     A primeira vez que escutei, ao vivo, a música do açoriano Francisco Lacerda foi, em Novembro de 2012, no foyer do Centro de Congressos de Angra do Heroísmo num concerto de Luísa Alcobia, acompanhada ao piano por Grigory Grytsyuk, numa encantadora viagem pela música dos séculos com as partituras de Mozart, Schubert, Fauré, Erik Satie e Luís Freitas Branco.
      Recentemente, deu-se, um pouco por todo o arquipélago açoriano, os “Encontros Sonoros Atlânticos”, um programa de concertos alicerçados/inspirados na obra do compositor e maestro, natural da Ilha de São Jorge, Frederico Lacerda. Foi, também, nesse mesmo catálogo, que nos deparamos com uma fotografia do músico jorgense digna de constar de qualquer biografia musical. Esta pícara e acrobática fotografia foi, muito provavelmente, tirada nos início do século XX, numa viagem de barco algures a meio do Atlântico. Quem terá sido o fotógrafo?