segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Sala de Embarque: Evocar Albert Camus!

Fotografia Carlos Olyveira
Uma peça pede sempre os seus actores, a sua história e o seu público!  Agora que Sala de Embarque cumpriu o seu desígnio das três apresentações previstas, conviria evocar Camus e o seu optimismo, ainda que moderado. As três apresentações de Sala de Embarque não poderiam ter corrido melhor, no entanto, convém não exagerar nos festejos e foguetes. É claro que precisaríamos de um palco à altura das 180 pessoas que nessas três noites estiveram presentes na Galeria Arco 8, é certo que necessitaríamos de aprimorar ainda mais as marcações de pé e todos pudessem ver as expressões e movimentos dos actores, é provável que o texto poderia ser encurtado ainda mais…enfim, há sempre uma nódoa, por mais pequena que seja, que se poderá apontar. De qualquer modo, quando a poeira assentar, deveríamos confessar que aquilo que mais nos interessa nesta ideia de “Sala de Embarque” é o “processo”. Sim, todo o processo de elaboração, construção e montagem de uma ideia teatral. Essa estirada desmedida que é necessária até termos chegarmos ao dia da estreia na Galeria Arco 8, que começa com a escolha do título e escrita do texto, os seus ensaios diários e sistemáticos, passando pela concepção do cartaz e postal, até à montagem do cenário e venda dos bilhetes. Voltando, assim, a Albert Camus para partilhar a sua visão da vida e do mundo que tanto apaixona e entusiasma. Essa concepção presente no seu livro “O Mito de Sísifo” que afirma que apesar de a vida não ter qualquer intento, existe, no entanto, uma possibilidade de lhe atribuir sentido, isto é, a de procurar satisfação no processo (quando a pedra é transportada até ao cume) e não no objectivo final (quando a pedra cai e rebola de novo e é necessário transportá-la de novo até ao cume). Quando é que é a próxima viagem?