«Quando
comecei a escrever nos jornais em 1975, tinha 19 anos, entregava um texto e era
tudo traçado, lido por duas ou três pessoas. o (Fernando) Assis Pacheco e
outros, que diziam, “Isto não dá”. Era tudo reescrito. Olhava e dizia: “Não
escrevi esta merda.” Mas era tão bom. Percebíamos
que não sabíamos escrever. Eu ainda não sabia. Esse processo de rejeição é
muito bom. Assim é que se aprende a escrever. Hoje ninguém é pago, publicam
tudo. Escreve-se uma coisa e sai logo, no blogue ou noutro sítio qualquer.
Ninguém tem tempo para rever, para mandar reescrever, para dizer: “Isto tem de
ser reescrito.” No Jornal de Letras era assim: “Isto não está capaz, tens de
reescrever.”»
Entrevista de Bárbara Reis a Miguel Esteves Cardoso, a propósito do livro – “No Passado e no Futuro Estamos Todos Mortos”, Porto Editora, 2019.
Entrevista de Bárbara Reis a Miguel Esteves Cardoso, a propósito do livro – “No Passado e no Futuro Estamos Todos Mortos”, Porto Editora, 2019.