Diogo Sousa |
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
Nuvens
Para
descrever as nuvens
muito
teria de apressar-me,
pois
numa fracção de segundo
deixam
de ser estas e começam a ser outras.
É
sua propriedade
não
se repetir
nas
formas, tonalidades, poses e configurações.
Sem
o peso de qualquer lembrança,
pairam
sem dificuldade sobre os factos.
Mas
nem testemunha-los podem,
pois
logo se dissipam em todas as direcções.
Comparada
com as nuvens,
a
vida afigura-se firme,
quase
duradoura, eterna.
Perante
as nuvens
até
uma pedra parece nossa irmã,
na
qual se confia,
mas
elas, enfim, umas levianas primas afastadas.
As
pessoas que existam, caso queiram,
e
depois morram uma por uma,
as
nuvens não têm nada a ver com
coisas
tão
estranhas.
Sobre
toda a tua vida
e
sobre a minha, ainda não toda,
desfilam
com pompa, como desfilavam.
Não
têm obrigação de morrer connosco.
Não
precisam do nosso olhar para navegar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)