(...) Chegou a Primavera. O vale de
lágrimas que se espraia à frente da minha janela volta ao verde e floresce. A
relva viçosa cobre o chão, esconde lixeiras e a geena tranforma-se no vale de
Saron onde crescem, além dos lírios, lilases, rubínias e paulownias.
Sinto uma tristeza de morte mas o
riso alegre das raparigas que brincam, invisíveis, debaixo das árvores, toca-me
o coração e desperta-me para a vida. E a vida corre, e a velhice aproxima-se;
mulher, filhos, lar, tudo foi devastado. Outono por dentro, Primavera por fora.
(...)
August Strindberg (1849-1912) in Inferno (tradução de Aníbal Fernandes)