quarta-feira, 21 de março de 2018

Tremor: O Quinto já cá está!

Ontem começou o Tremor. É já a quinta edição. O primeiro dia teve lugar no Teatro Micaelense com a apresentação do festival pela organização, entidades públicas e demais promotores. A sala encontrava-se cheia de residentes e forasteiros para ver “Levantados do Chão”, esta primeira proposta realizou-se sob o signo do cinema e da música, onde vimos o fotógrafo Daniel Blaufucks juntar-se à Banda Lira das Sete Cidades para (des) alinhar a imagem mais o som na despedida do Hotel Monte Palace nas Sete Cidades. O autor não quis denominar de filme, ainda bem, pois as ditas “fotografias expandidas” valem pela ideia da ruína dum tempo em que só a natureza o altera. Os textos presentes nos créditos finais enunciam, portanto, uma visão do mundo que permanece e que, passados tantos séculos depois do povoamento, nada parece ter realmente mudado. As ruínas, a paisagem, o esmaecer das cores daquele edifício confirmam um "fazedor de imagens" de olhos bem abertos e ouvidos à escuta. Ali, sim, é a natureza que nos invade. No entanto, a duração deste propósito revelado pareceu-nos longo quanto à sua duração bem como a imagem assíncrona da banda com a imagem nem sempre resulte. Na parte de cima do teatro, retomar-se-ia a mistura com os músicos Rafael Carvalho, mestre na viola de dois corações, e Flip, amante dos sons electrónicos e experimentador, a esgrimir argumentos num diálogo sonoro imprevisto, evidenciando uma postura ambiciosa para uma proposta embrionária que ainda pode vir a dar frutos.
Por último, no já mítico Auditório Camões, o concerto dos regressados Três Tristes Tigres para dar conta do seu rock electrónico, com pendor na guitarra de Alexandre Soares (que garra e energia voltar a escutá-lo!) e a voz de Ana Deus, a relembrar temas de “Partes Sensíveis” (1993), “Guia Espiritual” (1996), "Comum" (1998) e "Visita de Estudo" (2001). Do álbum “Partes Sensíveis” recordaram-se canções como “Letra Morta” ou “Descapotável”, de “Comum” houve “Combat” ou “Motim” e ainda “Anormal”, “Kainever”, “Olho da Rua”, do álbum Guia Espiritual, onde não existiu lugar para o popular “Zap Canal”.
Hoje, quarta-feira, o tremor musical continuará, ao todo são cinco dias e trinta e nove concertos espalhados pelos sítios mais inusitados e inesperados desta ilha no meio do Atlântico.