Sabia que ele
corria sempre para qualquer lado, parecia um pássaro ferido. Era, à altura,
professor de Matemática. Gostava de beber macieira, ingeria muito álcool e
usava uma gabardine preta. Sentávamos à mesa do café para falar sobre música.
Tinha uns olhos cor de amêndoa demasiado vermelhos, cansados, perdidos, numa
cute bastante morena. Nunca soube porque conversava comigo. Provavelmente, devia
ser porque ouvíamos os mesmos grupos da new
wave apesar da diferença de idades. "És ainda um puto", dizia-me. E eu ouvia-o mais do que falava. Como
eu gostaria de voltar a encontrá-lo. Nunca mais soube nada dele.