Em
2023, o festival Tremor, evento musical que acontece anualmente na ilha de São
Miguel, Açores, irá atingir a sua décima edição e decorrerá entre os dias 28 de
Março e 1 de Abril. Muito provavelmente, nessa altura, já a cidade de Ponta
Delgada e o arquipélago açoriano estarão com a candidatura da Capital Europeia
da Cultura de 2027 em andamento. O festival Tremor, conjuntamente com o Walk
and Talk e o Arquipélafo - Centro de Artes Contemporâneas, serão,
certamente, as maiores alavancas hodiernas dessa projeção da cultura arquipelágica, tanto
nacional como internacionalmente.
Terminou,
pois, a nona edição do Tremor nos idos de Abril, passada com a costumeira
ciranda de gente em torno dos concertos e de músicos oriundos de diferentes
geografias. Para quem ainda desconhece o evento, este é um festival que se
pauta pela descoberta e a diversidade sonora, enquanto permite o encontro do
público com a beleza natural dos espaços insulares. Assim, surpreendente
continua a ser o “Tremor na Estufa”, uma invenção que prima pela combinação da
natureza ou edifícios monumentais da ilha com os diferentes géneros musicais
que o festival abarca. Ao longo desta década de existência, já passaram pelos
diferentes “palcos” da ilha a sonoridade dos Ferro Gaita de Cabo Verde ou os
Circuit des Yeux dos Estados Unidos, para além dos portugueses - Filho da Mãe,
Clã, Lena d´Água, Três Tristes Tigres, David Bruno, Pop Dell ‘Arte, entre
tantos outros.
Assim, o encerramento desta nona edição deu-se, como vendo sendo hábito, no interior do centenário Coliseu Micaelense. No início da noite, o palco foi entregue à voz quente e melancólica de Rodrigo Amarante. O carioca apresentou-se sozinho em palco, com uma camisa acabada de passar a ferro, e com a sapiência de ser compreendido por uma audiência que, quando o encontrava nas praças ou nas ruas da cidade, pedia-lhe para tocar “aquela” ou tocar a “outra”. Um dos momentos altos do concerto do concerto deu-se com “Irene”, sobretudo quando este entoou os versos: “Milagre seria não ter/O amor, essa rima breve/Que o brilho da lua cheia/Acorda de um sono leve.” Duas horas antes, o paulistano Sessa já tinha dado o mote para um mundo a necessitar de (re) encantamento, arrebatando o público presente no Auditório Camões com a apresentação do seu primeiro disco a solo - “Grandeza”. Sessa é, sem dúvida, um músico que carrega consigo toda a herança musical brasileira, possuidor do cheirinho e devoção a Cartola ou João Donato. É muita linda a sua entrega em palco, numa fala tímida e suave marcadas pelo gosto da bossa e do dedilhar do violão.
Por último, não se pode deixar de falar da importância deste Festival para a comunidade. Nesta edição houve cozinhas comunitárias em Rabo de Peixe, sendo que os seus habitantes abriram as suas casas para a degustação gastronómica dos visitantes. Todos os anos há também a maravilha e o entusiasmo das atuações da Associação de Surdos de São Miguel + Onda Amarela (este ano com o Coral de São José) ou ainda a Orquestra de Jazz de Rabo de Peixe, que contou com a direção de Rodrigo Amado. Um festival que se quer da ilha e da ilha para o mundo.
Fotografia de Carlos Melo |
Assim, o encerramento desta nona edição deu-se, como vendo sendo hábito, no interior do centenário Coliseu Micaelense. No início da noite, o palco foi entregue à voz quente e melancólica de Rodrigo Amarante. O carioca apresentou-se sozinho em palco, com uma camisa acabada de passar a ferro, e com a sapiência de ser compreendido por uma audiência que, quando o encontrava nas praças ou nas ruas da cidade, pedia-lhe para tocar “aquela” ou tocar a “outra”. Um dos momentos altos do concerto do concerto deu-se com “Irene”, sobretudo quando este entoou os versos: “Milagre seria não ter/O amor, essa rima breve/Que o brilho da lua cheia/Acorda de um sono leve.” Duas horas antes, o paulistano Sessa já tinha dado o mote para um mundo a necessitar de (re) encantamento, arrebatando o público presente no Auditório Camões com a apresentação do seu primeiro disco a solo - “Grandeza”. Sessa é, sem dúvida, um músico que carrega consigo toda a herança musical brasileira, possuidor do cheirinho e devoção a Cartola ou João Donato. É muita linda a sua entrega em palco, numa fala tímida e suave marcadas pelo gosto da bossa e do dedilhar do violão.
Por último, não se pode deixar de falar da importância deste Festival para a comunidade. Nesta edição houve cozinhas comunitárias em Rabo de Peixe, sendo que os seus habitantes abriram as suas casas para a degustação gastronómica dos visitantes. Todos os anos há também a maravilha e o entusiasmo das atuações da Associação de Surdos de São Miguel + Onda Amarela (este ano com o Coral de São José) ou ainda a Orquestra de Jazz de Rabo de Peixe, que contou com a direção de Rodrigo Amado. Um festival que se quer da ilha e da ilha para o mundo.